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Linguagista

«Excrescência» e «excrecência»?

Ele é que tinha razão

 

      «Convicto da excrecencia espiritual, crê-se dotado de fluidos nérveos, magnetismo, electricidade, etherisação» (O Que Fazem Mulheres, Camilo Castelo Branco. Lisboa: Parceira António Maria Pereira, 4.ª ed., 1907, p. 27).

      Ah, a ortografia... Todos os autores têm as suas manias, quantas vezes contra a norma. Práticas desviantes (e há-de haver casos de parafilia...). Apetece-lhes, e pronto, não se questiona. Actualmente, nenhum dicionário regista «excrecência». É, contudo, a ortografia em castelhano, excrecencia. Como vêm, tanto nesta língua como em português, do latim excrecentĭa, parece que Camilo tinha razão e queria endireitar (já que é orto + grafia) a forma como se escrevia.

 

[Texto 6283]

Ortografia: «franco-atirador»

Vamos ver se percebi (talvez não)

 

    Hoje tive de usar a palavra «franco-atirador» (atenção ao plural). Sabem como se escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990? Não? Isso é que é pior. «Francoatirador». Sim, tem a vantagem de ninguém se enganar no plural. Mas reparem: antes do AO90, escrevia-se com hífen, «franco-atirador». No Brasil, com o Acordo Ortográfico de 1990, continuam a escrever da mesma forma, «franco-atirador». É a chamada desunificação ortográfica. Às vezes, porém, dá para disfarçar na capa, como na mais recente tradução do livro de Arturo Pérez-Reverte, publicado pelas Edições ASA,

 

     O

     Franco

     Atirador

     Paciente

 

    Paciência. Ou revolta.

 

 

[Texto 6282]

Tradução: «bookend»

Mais vocabulário

 

      Em inglês é muito sugestivo e simples: bookend. Contudo, acabei de vê-lo vertido para «anteparo para livros». Ora, sempre se disse cerra-livros ou encosta-livros.

   «Os cães sentaram-se, subitamente tão inofensivos como um par de cerra-livros» (Um Beijo Inesquecível, Teresa Medeiros. Tradução: Carmo Vasconcelos Romão. Alfragide: Quinta Essência, 2013).

 

[Texto 6281]

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