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Linguagista

Léxico: «coquetel»

É só querermos

 

      «Sandes e saladas somam-se a coquetéis com nomes de moumentos portuenses, entre eles o “Clérigos”» («Entre amigos com belas vistas», Maria de Oliveira, Jornal de Notícias, 29.08.2015, p. 37).

      Ridículo? Nada disso. Vai-se vendo cada vez mais, até, como se sabe, em livros. Ainda há esperança. Assim: «Mais tarde, durante o café, perguntei-lhe se queria acompanhar-me ao Les Invalides para um coquetel ou champanhe, mas Land recordou-me que era obrigada a regressar ao college» (Viagem ao Fundo de Um Coração, William Boyd. Tradução de Inês Castro e revisão de texto de Maria Aida Moura. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2008, p. 77). Ou assim: «Enquanto a Bruna bulia para lá do balcão, a prima acomodou-se na mesa mais próxima, sozinha, boa perna traçada, joelho redondo, a sorver o seu coqueteile pela palhinha» (Primeiro as Senhoras. Relato do Último Bom Malandro, Mário Zambujal. Alfragide: Oficina do Livro, Lisboa, 3.ª ed., 2006, p. 34).

 

[Texto 6211]

Léxico: «triplista»

Usemo-lo

 

      «E até partiu para os Mundiais de atletismo com o nono melhor registo entre os triplistas...» («Salto de bronze em Pequim», Ana Tulha, Jornal de Notícias, 28.08.2015, p. 46).

      Ainda não tinha dado conta que se usava este neologismo. Nada que opor: está bem formado e fazia falta.

 

[Texto 6210]

Sobre «membro»

De norte a sul

 

    «A comunista Alma Rivera, de 23 anos, poderá ser a deputada benjamim na próxima legislatura, representando a CDU, que inclui “Os Verdes”, ao figurar num teoricamente elegível sexto lugar da lista por Lisboa. Filha de uma professora italiana, a membro da Comissão Política da Juventude Comunista Portuguesa licenciou-se recentemente em Direito, em Coimbra, palco de várias lutas estudantis» («Benjamim da legislatura», Jornal de Notícias, 27.08.2015, p. 52).

      Sim, lembram-se bem: já aqui vimos este enorme disparate, noutro jornal. Como é que alguém, e sobretudo um jornalista, pode escrever uma coisa destas?

 

[Texto 6209]

Sobre «poliglota»

Várias

 

      «Mandam as regras que um poliglota que se preze fale mais de três línguas. Pouga não só preenche os requisitos como os supera — sabe seis idiomas, entre os quais o indecifrável mandarim (além de francês, inglês, português, espanhol e italiano)» («Um poliglota com olho para o negócio», Ana Tulha, Jornal de Notícias, 27.08.2015, p. 51).

    Muito nos conta, Ana Tulha... E um poliglota que não se preze, quantas fala? E um poligloto? O que os dicionários registam é que poliglota é o que sabe ou fala várias línguas, nada mais.

 

[Texto 6208]

Ortografia: «cachorro-quente»

Um novo conceito

 

      «Luís Rato, da Associação Street Food de Portugal, destaca que a riqueza da gastronomia nacional é um dos pontos fortes do conceito. A aposta na qualidade é um outro aspeto sublinhado pelo responsável. A venda ambulante de comida mudou e o novo formato está muito além dos cachorros quentes e das bifanas das rulotes que todos conhecem sobejamente» («Comer qualquer coisa em qualquer lugar», Alexandra Lopes, Jornal de Notícias, 27.08.2015, p. 33).

      Isto é que é falar! O «conceito» e o «formato» mudaram — a começar logo no nome em inglês. A aposta na qualidade é «um outro aspeto». A qualidade da escrita é que nem por isso. Comece pelo mais fácil: é cachorro-quente.

 

[Texto 6207]

Léxico: «estenfiliose»

Stemphylium vesicarium

 

      «A estenfiliose é um fungo que ataca as folhas e os frutos. Nas folhas os seus sintomas são o aparecimento de uma mancha castanha. Nos frutos essas pequenas manchas (foto) surgem nas faces mais expostas ao sol. Embora as lesões pareçam superficiais, o interior pode estar todo atacado» («Produção de pera cai para metade», João Paulo Costa, Jornal de Notícias, 26.08.2015, p. 24).

      Mais uma, infelizmente, esquecida pelos dicionaristas. Todas juntas, dariam outro dicionário.

 

[Texto 6206]