Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Como se traduz

Inacreditável

 

      Nesse ano, foram passar o Verão «em Nantucket Island». Isto numa obra original, não numa tradução. Seria apenas mais desculpável se fosse numa tradução, mas não deixaria, ainda assim, de ser uma tontice. Como é que se erra em coisas tão simples? Não sei. Sei apenas que vejo erros semelhantes com muita frequência.

   «Avistámos o farol principal da ilha de Nantucket esta manhã às 03:58» (Estrela do Mar, Joseph O’Connor. Tradução de Francisco Agarez. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2011, p. 427).

 

[Texto 6247]

«Um dos que», agora em português

Para ficar assente

 

      Decerto, mas há sempre gente a nascer, e por isso temos de voltar de quando em quando às mesmas questões.

 

      «Um dos que... — Sôbre êste discutidíssimo caso de concordância (um dos que fêz — um dos que fizeram) é muito recomendável a leitura dum trabalho do dr. Manuel de Paiva Boléo, Leitor de Português em Hamburgo. Intitula-se Língua falada, lógica e clássicos, e faz parte da nova série de Publicações da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, instituída pelo ilustre director dêste estabelecimento, dr. Providência Costa, como complemento e arquivo da sua importante obra de extensão universitária.

      O Autor chega eruditamente à conclusão de que a frase Esta cidade foi uma das que mais se corrompeu é legítima, não só “à face da história da língua e da lingüística comparada, mas ainda do ponto de vista semântico, visto não ser equivalente à construção com o verbo no plural.”

      O dr. Boléo vê na expressão uma das que mais se corrompeu não só o caso de cruzamento sintáctico ou atracção antecipante, definido por Leite de Vasconcelos e Tobler, mas um recurso das línguas para encontrarem o têrmo médio entre uma das que mais se corromperam e a que mais se corrompeu. “Esta é demasiado absoluta e exclusiva, e por isso mesmo se evita.”

      É nova e subtil a teoria, mas não convencerá talvez aquêles que, obedecendo ao sentimento lógico advertido e vigilante, entenderem ou sentirem como verdadeiramente correcta, e além disto suficiente, a forma uma das que mais se corromperam» (Glossário de Incertezas, Novidades, Curiosidades da Língua Portuguesa, e também de Atrocidades da Nossa Escrita Actual, Agostinho de Campos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d [mas de 1938], pp. 289-90).

 

[Texto 6246]

«Um dos que», agora em castelhano

Discutidíssima questão, cá e lá

 

      «En construcciones del tipo yo soy de los que piensan, tú eres de los que opinan, nosotros somos de los que creen…, es preferible utilizar siempre el verbo que sigue a que en tercera persona del plural y nunca en primera o segunda (esto es, no yo soy de los que pienso, tú eres de los que opinas o nosotros somos de los que creemos...).

      En los medios de comunicación es frecuente encontrar frases como “Soy de los que pienso que se hace más fuerza con la unión desde dentro que desde fuera”, “Somos de los que creemos que no hay que tener complejos”, “Si erais de los que teníais problemas con vuestra cuenta de correo, ya está disponible la actualización” o “¿Eras de los que echabas de menos las teclas de navegación?”.

   Aunque las normas académicas permiten en ciertos casos algunas otras combinaciones, especialmente con el verbo en tercera persona del singular por entenderse que se está omitiendo uno como sujeto (yo soy [uno] de los que creevos sos [uno] de los que consideraél es [uno] de los que considera...), lo recomendado es emplear el verbo en tercera persona del plural (piensan, creen, dicen, opinan...), que es siempre correcto.

      Esto es así porque la concordancia estricta ha de establecerse con el sujeto gramatical (los/las que), no con el sujeto del verbo ser (yo/tú/ellos...), como se explica en la Gramática académica. 

      Así, en los ejemplos anteriores, habría sido preferible decir o escribir “Soy de los que piensan que se hace más fuerza con la unión desde dentro que desde fuera”, “Somos de los que creen que no hay que tener complejos”, “Si erais de los que tenían problemas con su cuenta de correo, ya está disponible la actualización” y “¿Eras de los que echaban de menos las teclas de navegación?”» (in Fundéu).

 

[Texto 6245]

Léxico: «taró»

Raríssima, esta

 

      «Por cá tudo óptimo, mas tem estado um taró medonho», escreveu alguém, que um dia poderão saber quem foi. Já não me lembrava da palavra, até porque nunca a usei nem a vejo ser usada por ninguém. E, no entanto, eu devia lembrar-me, pois já a lera em Aquilino («estava um taró de rachar»); em Torga («taró de repassar fragas»); João de Araújo Correia («Outras vezes, como quem varia, dizem: está um taró...»). Adivinharam: é um vento frio, agreste. Parece vir da língua dos ciganos. Também se escreve «tarol». Assim, temos taro, taró e tarô. Interessante.

 

[Texto 6244]