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Linguagista

Uma certa construção

Só para mentes iluminadas

 

      «É necessário a cada momento fazer um balanço correcto da força real que se tem e daquela que é necessária ter, nunca esquecendo que a apreciação da força duma organização revolucionária não deve ser feita tanto por aquilo que é, como por aquilo que seria necessário que fosse para cumprir as tarefas que lhe cabem numa situação histórica determinada.» Tentem lá esquecer-se ou não querer saber que é uma citação de Álvaro Cunhal (Discursos Políticos, vol. 11. Lisboa: Edições Avante!, 1980, p. 311). Aquela construção — «é necessária ter» — é correcta?

 

[Texto 6270]

A Caaba ou não acaba?

Um agente duplo

 

    E o Público não terá infiltrados ou agentes duplos, quando escrevem Kaaba podendo escrever Caaba? «Todos os anos, a tarefa dos agentes de segurança é o de gerir a gigantesca maré humana que durante três dias tem que [sic] fazer um percurso de várias dezenas de quilómetros para visitar uma série de lugares pré-estabelecidos [sic] desde a Kaaba [sic], no centro da Grande Mesquita de Al-Haram, até Mina e seguindo até ao monte Arafat, passando no regresso pelo local de oração em Muzdalifah antes de chegar a Jamarat, para acabar apedrejando simbolicamente o diabo» («Debandada de milhões de peregrinos em Meca faz mais de 700 mortos», Público, 25.09.2015, p. 30).

 

[Texto 6269] 

Um Diabo maiúsculo

O Senhor Diabo

 

      «Ontem celebrava-se a cerimónia de encerramento dos cinco dias do hajj, quando os muçulmanos se deslocam a Jamarat, perto de Mina, para atirarem pedras a um pilar que simboliza Satanás. […] Todos os anos, a tarefa dos agentes de segurança é o de gerir a gigantesca maré humana que durante três dias tem que [sic] fazer um percurso de várias dezenas de quilómetros para visitar uma série de lugares pré-estabelecidos [sic] desde a Kaaba [sic], no centro da Grande Mesquita de Al-Haram, até Mina e seguindo até ao monte Arafat, passando no regresso pelo local de oração em Muzdalifah antes de chegar a Jamarat, para acabar apedrejando simbolicamente o diabo» («Debandada de milhões de peregrinos em Meca faz mais de 700 mortos», Público, 25.09.2015, p. 30).

      E será assim, Satanás, mas diabo? Ora, ora. Não se trata do nome, na tradição judaico-cristã, de um específico anjo rebelde a Deus? É Satanás, como é Diabo, Satã, etc. Eça de Queiroz — de quem tanto tenho falado e ouvido falar nos últimos tempos, e ainda bem — tem justamente um conto intitulado «O Senhor Diabo», e nele sempre aquela carismática figura (espero que se possa dizer isto...) aparece com o nome grafado com maiúscula.

 

[Texto 6268]

Sobre «olho-d’água» e «lençol freático»

A Geologia não mente

 

      «Mas, afinal, de onde vem a água que enche o labirinto de corredores abobadados até cerca de 1,50 metros de altura? A explicação está na Galeria das Nascentes — antes chamada de Olhos de Água, porque se acreditava que a água seria boa para curar doenças oculares — cujo tecto está rasgado, de uma ponta à outra. Desta fenda estreita escorrem os lençóis freáticos enterrados, por exemplo, na Avenida da Liberdade, que naturalmente correm para o Tejo» («À procura dos segredos que se escondem na Lisboa subterrânea», Marisa Soares, Público, 25.09.2015 p. 18).

      É essa a explicação para o nome Olhos de Água? Mas o substantivo comum olho-d’água é a nascente de água no solo. Não há aqui confusão? Quanto aos lençóis freáticos, Marisa Soares, é inerente ao conceito serem «enterrados», «subterrâneos». Por serem próximos da superfície, podem ser aproveitados por meio de poços e, espontaneamente, surgem olhos-d’água, nascentes.

 

[Texto 6267]