Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Quando/enquanto»

Basta a conjunção

 

     «Pelo menos 100 mil americanos sofreram abusos sexuais por membros do clero, enquanto crianças, segundo um relatório elaborado por analistas de seguros para o Vaticano em 2012» («Papa Francisco, político e preocupado com a justiça, despede-se dos EUA», Clara Barata, Público, 28.09.2015, p. 25).

   Que deve estar ali uma conjunção, não há dúvida. Não quereria a jornalista, porém, escrever «quando crianças»? Não. São equivalentes («no tempo em que»), e hoje em dia pouco usadas, como um provérbio recolhido por José Pedro Machado confirma: «Guarda enquanto moço, acharás na velhice.» Hoje, mais comum é o recurso a um verbo: «quando eram pequenos».

    «Primava pela barba turca, tão retinta que, depois de escanhoado, quedava a salpicar-lhe a tez uma escumilha de azeviche que nem vaporizada à pistola. Pois que fora marítimo quando moço, resultara daí conservar maneiras assimétricas» (Um Escritor Confessa-se, Aquilino Ribeiro. Lisboa: Livraria Bertrand, 1974, p. 60). «O cronista diz que ele, enquanto moço, era alvo e rosado, adquirindo com a idade um tom de pele baço e rugoso» (O Pórtico e a Nave, Joaquim Manso. Lisboa: Ática, 1943, p. 66).

 

[Texto 6279]