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Linguagista

Sobre «divergir»

Não era preciso

 

    «Três aviões divergiram ontem para outros aeroportos devido às más condições atmosféricas no aeroporto da Madeira» («Aviação. Mau tempo desvia voos», Jornal de Notícias, 5.10.2015, p. 48).

     Podia ser somente pretensioso, mas creio que é antes errado. Divergir é afastar-se progressivamente, desviar-se.

 

[Texto 6295]

Ortografia: «palestino»

Felizmente, ainda há quem saiba

 

    «O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que o Estado hebraico está a “travar uma luta até à morte contra o terror palestino”, e ordenou novas medidas, após a morte de duas pessoas em Jerusalém» («Netanyahu retalia», Jornal de Notícias, 5.10.2015, p. 48).

 

[Texto 6294]

Léxico: «laniar»

Diz-se dos dentes caninos

 

    «Os dentes laniares ou caninos tinham uma crusta de cárie, e algumas luras chumbadas» (O Que Fazem Mulheres, Camilo Castelo Branco. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1907, p. 40).

    Este, como tantos outros, já os dicionários esqueceram: laniar. A versão em linha do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, solícito, ainda pergunta: «Queria pesquisar lanar, lanhar, lançar

 

[Texto 6293]

Sanchos Panças

Tudo a dobrar

 

      «Não são os Sancho Panças que dignificam a vida, são os D. Quixotes, e o pouco que em Sancho nos seduz é o que não se explica pela normalidade» (Diário Crítico, Sérgio Milliet. São Paulo: Editora Brasiliense Lda., 1956, p. 22). Podia pensar-se que é assim, mas não: «Voltae para esse corpo achacadiço e apodrentado o vosso animo beneficente, Sanchos-Panças lerdos, pantalões administrativos!» (O Que Fazem Mulheres, Camilo Castelo Branco. Lisboa: Parceira A. M. Pereira, 1907, p. 17).

 

[Texto 6292]

Furacão «Joaquín»

Deixem-no ser espanhol

 

   «O furacão Joaquín, de categoria quatro, dirigia-se ontem para as Bermudas, depois de ter causado quatro mortos nos Estados Unidos. Recorde-se que o furacão tinha aumentado de intensidade sábado com ventos até 240 quilómetros por hora» («Bermudas em alerta perante furacão Joaquín», Destak, 5.10.2015, p. 10).

    Noutros jornais, o furacão é mais português — Joaquim —, mas não me parece opção acertada. É nome próprio, mantém-se, salvo raras excepções. Aqui, só uma coisa falhou: o nome do furacão devia ser grafado entre aspas ou em itálico.

 

[Texto 6291]

«Jiadista» e «cranioencefálico»

Erros e acertos dos pequenos

 

      Bem: «Um cidadão português foi ontem preso no âmbito de uma operação policial espanhola e marroquina destinada a desmantelar uma rede internacional de captação de jiadistas do autoproclamado Estado Islâmico, que operava sobretudo nestes dois países, anunciou a polícia espanhola» («Português detido por integrar rede jiadista», Destak, 5.10.2015, p. 9). Outros jornais, de «referência», optam por «jihadista».

      Mal: «O ator de 88 anos fez um traumastismo [sic] crânio encefálico na sequência de uma queda e encontra-se internado no Hospital Santa Maria, Lisboa» («Ruy de Carvalho internado», Destak, 5.10.2015, p. 9). Esta não é melhor do que «homem sexual» por «homossexual».

 

[Texto 6290]