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Linguagista

Léxico: «oleofóbico»

Dentro da normalidade

 

      O ecrã do novíssimo Nexus 6P tem, lê-se aqui, um «revestimento oleofóbico resistente a manchas e impressões digitais». Diz-se, e não é de agora, o mesmo de outros materiais. Pretende-se significar que o material repele o óleo. Do inglês oleophobic, é um híbrido greco-latino, de uso médico. O sufixo pode deixar-nos na dúvida, mas lembremo-nos de um caso semelhante: hidrófilo. Não se trata do que tem acção absorvente, em especial para a água? É que há filias e filias, como há fobias e fobias. O pior é o que está além, para lá do normal, parafilias.

 

[Texto 6321]

Grotius, hein?

Inadmissível

 

      Grotius... Como está assim no original, inglês, o tradutor nem dedicou um segundo a pensar no caso. Para quê, não é?, alguém o fará por ele. Como não o nomeio, talvez nem sirva de escarmento. «Todavia, é Hugo Grócio (De Juri Belli ac Pacis, de 1625) o jurista habitualmente considerado o primeiro grande cultor do Direito Internacional» (Curso de Direito Internacional Público, Jorge Miranda. Estoril: Principia, 3.ª, 2006, p. 12).

 

[Texto 6320]

Léxico: «botanizar»

Nova e velha

 

      «Quando o grupo do capitão Cook “botanizou” em 1768, descobriu mais de vinte plantas até então desconhecidas da ciência.» Ah, certamente, está a traduzir o inglês botanize, que tem duas acepções: herborizar, ou seja, colher plantas para herbário ou para aplicações medicinais, e estudar as plantas. É o que se encontra nos dicionários, nada de uma só palavra. Não é, contudo, assim: tenho abonações do verbo «botanizar» pelo menos de meados do século XIX. Botanizar é sair para o campo procurar e reconhecer novas plantas.

 

[Texto 6319]

«Proletários de ..., uni-vos!»

Parecido, mas não igual

 

      Caramba, até em relação a isto andamos enganados. Marx e Engels escreveram assim a famosa frase: «Proletarier aller Länder, vereinigt euch!» Ou seja: «Proletários de todos os países, uni-vos!» Ora, desde pequeninos que nos dão esta tradução: «Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!» Ah, contrapõem, Engels aprovou a tradução inglesa, que diz: «Working men of all countries, unite!» Está bem, mas o Sr. Friedrich era de Barmen, não de Bamber Bridge, e isso conta muito, não é?

 

[Texto 6318]