Clitóride, hein?
Para todos os efeitos, clítoris/clitóris (são estas as únicas opções/variantes e não, como vejo por vezes, «clitoris») é termo técnico, só nos últimos tempos vulgarizado. Ora, estranho é que se vulgarizasse como esdrúxula, pois a nossa língua propende para a prolação destas palavras como graves. Por isso, quando Edite Estrela, na obra Dúvidas do Falar Português, vol. 4 (Lisboa: Editorial Notícias, 1991, p. 67)», afirma que a «palavra clitóris ou clitóride é, de facto, palavra esdrúxula», incorre em duplo erro (e esqueceu-se de dizer que quem defendia a variante «clitóride» queria que fosse do género feminino...). É certo que no grego a penúltima sílaba era breve, o que na passagem para o português leva ao recuo para a antepenúltima sílaba, mas não apenas o uso, esse tirano, impôs a forma grave, como esta já antes fora admitida pelos mais conceituados dicionaristas. Em suma: ambas — clítoris/clitóris — são correctas, mas na oralidade a forma «clitóris» impôs-se e, se não queremos causar estranheza nos nossos interlocutores, devemos dar-lhe preferência. Não é ceder muito, se ambas estão correctas.
[Texto 6343]