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Linguagista

«Fortalhaço»

Está nos livros, usa-se

 

      Aconteceu hoje mesmo: um leitor contactou-me porque tinha dúvidas sobre a palavra «fortalhaço». Não a via em nenhum dicionário, e queria usá-la. À vontade. Seria muito difícil os dicionários acolherem todas as palavras que se podem formar. Temos de ver que é uma palavra derivada, com recurso ao sufixo -aço/-aça, com sentido aumentativo (grande dimensão, tamanho exagerado). Animalaço, buzinaço, mulheraça (e, curiosamente, «mulheraço», que os dicionários não registam), tijolaço, balaço (mas usamos quase exclusivamente «balázio»), poetaço, raparigaça, ricaço, valentaço, etc. Sufixo aumentativo, disse eu. Bem, nem sempre: em joelhaço, por exemplo, não há esse sentido.

      «Estava-se na Guerra Russo-Japonesa, e Lu Xun mudara subitamente de ideias quanto ao seu trabalho no futuro, ao contemplar, num filme de guerra, esta cena: um emigrante chinês, um fortalhaço de um homem, de mãos atadas, e vários outros ao redor» (A Filha do Juramento, Maria Ondina Braga. Braga: Edições Autores de Braga, 1995, p. 94).

 

[Texto 6357]

Matar e des-matar

Como assa e desassa

 

      Dois ditadores. Um mandou-o matar; outro mandou-o des-matar, o que só foi possível porque a primeira ordem se revelou de difícil cumprimento. Fica — a língua também serve para brincar — assim. «Desmatar» é antes de mais nada «desarborizar» — matar árvores, como se lembra aqui: «Matar uma pessoa é assassinar, mas matar um animal é sacrificar. Entre os atos de matar animais de que menos temos consciência estão caçar (= matar animais por prazer) e pescar (= matar peixes por prazer). Matar plantas é desmatar, cortar árvores, roçar e até limpar, dependendo das circunstâncias» (Ecolingüística: Estudo das Relações entre Língua e Meio Ambiente, Hildo Honório do Couto. Brasília: Editora Thesaurus, 2007, p. 349).

 

[Texto 6356]

Numeração romana

Infelizmente em desuso

 

      «O marcador continua parado na página LXXXVIII (nalguns livros franceses, as páginas das introduções, etc. aparecem em numeração romana)» («Os melhores e os piores prefácios», José Cabrita Saraiva, «Tabu»/Sol, 23.10.2015, p. 19).

     Em alguns livros franceses? E então nos portugueses, nunca viu? Prefácios, introduções, explicações e preliminares de uma obra deviam ser sempre assim numerados. Já foi prática habitual e devia ser retomada, para distinguir a obra de todos os seus elementos paratextuais, que por vezes são muitos.

 

[Texto 6355]