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Linguagista

«Ene»? Não será «n»?

Até mais simples

 

      «Fiz a lei de contratação das
 obras públicas, para acabar com uma questão que era, de facto, escandalosíssima. Os empreiteiros pediram publicamente ao Presidente da República e ao primeiro-ministro a minha demissão, não foram por baixo. Chamaram esse decreto-lei à rectificação no Parlamento e imaginem que se meteu na cabeça daquela rapaziada inteligente que ia ser anulado, se faltassem ene deputados. Por acaso, soube disso horas antes, alinhei tudo. Estavam lá todos» (João Cravinho, entrevistado por Cristina Ferreira e Nuno Ribeiro para o Público. «Há mais sofisticação na corrupção “do que ir à gaveta ou receber o cheque”», 16.11.2015, p. 13).

      É a primeira vez que vejo esta forma coloquial de nos referirmos a uma quantidade indefinida escrita desta forma; habitualmente, o que se lê — e a única que está dicionarizada — é n.

 

[Texto 6401]

Léxico: «araçaleiro»

Também esquecida?

 

       «Qualquer dia tenho de podar o araçaleiro. Já devia ter começado a dar mais do que isto, e além de tudo ainda não fez aquela copa bonita que os araçaleiros fazem. […] De qualquer modo, sempre gostei mais dos araçais amarelos do que dos vermelhos, embora há dias tenha provado um sumo de araçal vermelho, feito pelo Henrique e pela Luísa, que me matou a sede como mais nada» («Araçaleiros», Joel Neto, Diário de Notícias, 16.11.2015, p. 31).

      São variantes — quanto a araçal/araçais, já tinha lido que exclusiva dos Açores — que nem o Dicionário Houaiss regista, o que é significativo. Quanto a araçaleiro, já o encontramos em poesia de Vitorino Nemésio publicada em 1950. Atentai, senhores lexicógrafos.

 

[Texto 6400]

Qual ISIS, qual EIIL, qual Daish!

Como um estado de alma

 

    Depois dos apelos, cá e lá fora, para se menorizar o bando de facínoras, o Diário de Notícias julga ter encontrado a forma de o fazer: estado islâmico. Assim, com minúsculas. Ainda hoje na capa: «França lança caça ao homem e reforça ataque ao estado islâmico». Esperemos que entre eles não haja nenhum revisor.

 

[Texto 6399]