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Linguagista

«1.º e 2.º ciclos» ou «1.º e 2.º ciclo»?

A forma e o conteúdo

 

      Em resposta a esta dúvida habitual dos falantes, a consultora do Ciberdúvidas Sandra Duarte Tavares («1.º e 2.º ciclos», 13.11.2015, aqui) recorreu, e muito bem, pela clareza da explicação, a uma citação de Vasco Botelho de Amaral. Contudo, das três frases elementares da sua própria lavra (365 caracteres em 1348 da resposta), uma saiu linguisticamente aleijada: «Quanto à forma do artigo definido (singular ou plural) antes de 1.º e 2.º ciclos, Botelho de Amaral apresenta exemplos que apenas apresentam o singular». Cuidava eu que os professores se esforçavam sempre por ser modelos.

   Igualmente clara e, ao meu gosto, concisa, é a explicação de Claudionor Aparecido Ritondale (Português: Sintaxe Avançada. São Paulo, 2009, p. 182), que diz: «No caso de numerais ordinais que se referem a um único substantivo, podem ser usadas as seguintes construções: Falei com os moradores do primeiro e segundo andar / (...) do primeiro e segundo andares

 

[Texto 6404]

O fascínio do exótico

Chá e crioulo

 

      «À sombra daquela árvore, param 34 jovens com um fogareiro, duas chaleiras, três pequenos copos. Vão fazendo um chá verde, adocicado, a que chamam warga» («Guiné-Bissau. A juventude pode ser uma prisão», Ana Cristina Pereira, Público, 16.11.2015, p. 26).

      Não seguem o AO90, mas estão sempre mortinhos por usar um w, um y, um k. Pois fique a saber que na obra Kriol Ten: Termos, Expressões, de Teresa Montenegro (Bissau: Ku Si Mon Editora, 2002, 2.ª ed., p. 70) se lê assim: «uarga: chá verde». Isto não anda longe de monomania.

 

[Texto 6403]

E você, conta ou contabiliza?

Contabilistas frustrados

 

    «Infelizmente, não podemos ainda fechar a contabilidade dos eventuais desaparecidos, mortos, porque sabemos que há vários corpos por identificar» (José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, noticiário das 18h00, Antena 1, 16.11.2015).

      Não é nada de novo, mas, desde os atentados de sexta-feira, é a toda a hora: não contam os mortos e os feridos — contabilizam-nos. Talvez faça sentido para o secretário de Estado, licenciado em Administração e Gestão Escolar. Mais um modismo atoleimado.

 

[Texto 6402]