Humildade, estudo e comedimento
Talvez não devesse dizer nada — porque não quero medalhas, nem louvores, nem remuneração —, mas também não quero continuar a contribuir para que outros errem menos ou corrijam os sucessivos erros em que caem e fazem cair os que os lêem e ouvem e me paguem com coices (em mensagens privadas, pudera). Pela calada da noite, a consultora Sandra Duarte Tavares corrigiu — no sentido em que aqui eu apontei — a questão «Orações completivas na mesma frase». Parecem humildes, mas é só imagem para as câmaras. Nem uma palavra sobre terem sido corrigidos. E terão reenviado agora a resposta à consulente, Carla Cruz? Agora já é assim: «A frase que apresenta, porém, não contém duas orações completivas, mas, sim, apenas uma. Ocorre efetivamente uma oração completiva (“que façam na terra o que faz o sal””), como complemento direto da forma verbal “quer” na oração “porque quer que façam na terra o que faz o sal”, sequência que constitui uma oração subordinada adverbial causal. Contudo, a oração “(o) que faz o sal” é uma oração subordinada relativa restritiva, que tem como antecedente a forma o, que ocorre como pronome demonstrativo.»
Que lisura de comportamento, para qualquer pessoa, mas sobretudo para uma professora universitária.
[Texto 6414]
Actualização às 12h30
Já depois deste meu texto, Sandra Duarte Tavares ou alguém por ela acrescentou esta nota: «N. E. – Devido à deteção de um lapso, do qual nos penitenciamos, esta resposta foi corrigida em 21/11/2015.» Não é apenas desse «lapso» — que lamentável falta de propriedade na linguagem! — de que se tem de penitenciar.
Actualização no dia 23.11.2015
E mesmo quanto a ser apenas uma completiva, não é líquido. Diz-me um professor de Português que não quer ser identificado: «Qualquer oração que funcione como complemento é completiva. Assim: as duas últimas orações — «que façam» e «que faz» — completam a oração «porque quer».