Neologismos de palavra/neologismos de sentido
Desgrava!
O Ciberdúvidas anunciava uma «conversa», no programa Língua de Todos, com Sandra Duarte Tavares sobre a diferença entre neologismos, estrangeirismos e empréstimos, «que também tece considerações sobre o uso da vírgula no texto escrito». Vá lá, não quiseram inovar a ponto de debater o uso da vírgula na oralidade. Uma amostra. Sobre neologismos: «As palavras “televisão”, “foguete”, “foguetão”, por exemplo, são palavras criadas no século XX para designar novas realidades» (Língua de Todos, 20.11.2015). Péssimos exemplos, os dois últimos. E péssimos porque são neologismos de sentido ou semânticos e não neologismos de palavra, isto é, não se trata de palavras novas criadas para designar uma nova realidade, como «televisão», por exemplo, mas antes palavras que já existiam e vieram designar novas realidades. Mas péssimos ainda por outra razão: mesmo nessa acepção — consultem-se os primeiros registos dicionarísticos —, são palavras do século XIX e não do século XX. Sobre pontuação: «A vírgula, como sabemos, marca uma pausa breve e pode ser usada numa só oração, ou seja, numa só frase, ou entre frases diferentes.» Não devemos usar assim à toa os termos «oração» e «frase», e isto porque a frase pode ser simples e complexa, e os ouvintes menos preparados não vão perceber.
[Texto 6420]