Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «substância negra»

O buraco negro dos dicionários

 

      «Os sintomas motores da doença de Parkinson resultam da morte celular de uma pequena região do cérebro, chamada “substância negra”. E a alfa-sinucleína é o principal ingrediente dos aglomerados patológicos que se formam na substância negra dos doentes com Parkinson» («De como a cafeína protege contra a doença de Parkinson», Ana Gerschenfeld, Público, 24.11.2015, p. 34).

      Já estaria nos dicionários de língua portuguesa, se o termo fosse inglês — mas o tão traduzível white matter trocou as voltas aos lexicógrafos. Fiquemos, enquanto tapam outros buracos, com o muito maior, astronómico, buraco negro.

 

[Texto 6422]

«Alfa-sinucleína», de novo

É agora

 

      «O novo trabalho é o resultado de um conjunto de investigações, ao longo de vários anos, que os investigadores conseguiram agora fazer encaixar entre si. Uma das peças deste puzzle diz respeito a uma proteína, chamada alfa-sinucleína» («De como a cafeína protege contra a doença de Parkinson», Ana Gerschenfeld, Público, 24.11.2015, p. 34).

      Há mais de um ano que aqui verifiquei e lamentei que o termo não estivesse já — nestes tempos de plataformas digitais — nos dicionários. Até já anda aí na boca dos médicos em conversas com os doentes, e os dicionários não ajudam.

 

[Texto 6421]

 

 

Actualização em 26.1.2015

 

Aqui, apenas registei o termo tal como vem no artigo, que, como afirmei, ainda não está dicionarizado. Contudo, a sê-lo, deverá grafar-se alfassinucleína, e isto porque alfa é mera transliteração do carácter grego α, que não é prefixo. Foi, aliás, a dificuldade em grafar com este carácter que levou a usar-se alfa-. Já aqui tinha referido que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista o vocábulo «betabloqueador» e que tinha curiosidade em saber se registaria também aglutinado «alfabloqueador», mas nada, não registava então nem regista agora.