Só para prevenir
«Mas se a qualidade
da nomeação de Van Dunem é ainda incerta, isto, pelo menos,
já temos como certo: António Costa não retirou qualquer ilação política nem do desastre de 2011, nem da detenção de 2014» («José Sócrates nunca existiu», João Miguel Tavares, Público, 26.11.2015, p. 48).
Van Dunem. Já começou. Faz parte de um projecto para a igualdade, todos tratados pelos apelidos. Ontem perguntaram-me se se deve escrever, com o nome completo, van ou Van. Depende. Tinha de ver a certidão de nascimento da futura ministra da Justiça. Em rigor, seria Francisca van Dunem; só o apelido, Van Dunem; em indicações bibliográficas, VAN DUNEM, Francisca. Contudo, depois de tantas gerações, e tendo em conta que o apelido é originalmente holandês, pode entretanto ter-se deturpado. E quem não viu já, em livros revistos (para os quais há mais do que os 60 segundos que dedicam nos jornais a estas questões), Van-Dúnem e Van-Dunem? Alguns irmãos de Francisca van Dunem. Francisca van Dunem, dos Van Dunens de Angola.
Também ontem, a propósito desta questão, me dizia o meu interlocutor que, há uns anos, andou à procura do nome do patriarca de Lisboa na lista de cardeais do sítio do Vaticano. Começou por procurar no p, mas não constava nenhum Policarpo, pelo que passou ao c, de Cruz, e nada também. Só quando os foi ver um a um o descobriu: estava como Da Cruz Policarpo, no d, claro. Em português é exactamente como em castelhano, os apelidos que têm o genitivo da, das, de, dos, do são assim referidos: FIGUEIREDO, Fidelino de; VALLE INCLÁN, Ramón de. Nos nomes italianos, também se pospõem geralmente as partículas da e de, mas não as partículas lo, dall’, di, della, dalla, degl’, d’. Nos nomes holandeses, que é o que vem mais ao caso, as partículas ten, ter, van, van den, van der são inseparáveis do apelido, daí VAN DUNEM, Francisca.
[Texto 6424]