Vasos comunicantes
«Evocam Alá a cada frase, mas para os neo-jihadistas, como aqueles que atacaram Paris no dia 13 de Novembro, o islão é sobretudo um pretexto que lhes permite extravasar uma revolta pessoal e uma sede de violência» («Os neo-jihadistas ou a “islamização da radicalidade”», Michel Moutot, APF/Público, 27.11.2015, p. 21).
Há também uma certa deriva ortográfica no Público. Anteontem vimos o caso de «bairro de lata», que hoje se repete (p. 24). E que dizer deste «neo-jihadistas»? Será a ortografia um mistério impenetrável? Com compostos formados com este elemento, só se emprega hífen quando o segundo elemento começa por vogal, h, r ou s. Logo, neojiadista. Sim, sem aquele h ali no meio. Já está assim dicionarizada.
Algo se perde muitas vezes na tradução, mas não tem de ser sempre assim. Reparem no título original: «L’islam, prétexte des “nouveaux” djihadistes». E agora o início do artigo: «Ils invoquent Allah à chaque phrase, etc.» E mais à frente: «Desprovidos de experiência militar, de formação religiosa e geralmente de competências linguísticas,
eles definiram a ultraviolência como o seu valor acrescentado, que, pelo sadismo, evoca o filme de Stanley Kubrick A Laranja Mecânica. E aplicam-na com os talentos instintivos de comunicantes formados na era do Facebook”, continua Harling.» Será mesmo «comunicante» a palavra certa e não «comunicador»? Em francês é communicants, sim.
[Texto 6433]