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Linguagista

Léxico: «ASIC»

A escória já tem nome

 

   «Desde 2011, ano em que o grupo industrial norte-americano Harsco se instalou em Portugal, que tudo o que sai dos fornos das siderurgias da Maia e do Seixal é reaproveitado. A escória, o lixo que é retirado desses locais, transforma-se em ASIC — Agregado Siderúrgico Inerte para a Construção, depois de passar por várias etapas: acondicionamento, triagem, lavagem e britagem. Este novo produto reciclado, subproduto do aço e agregado artificial, tem como principal concorrente a pedra e, para já, no nosso país, tem sido aplicado em estádios de futebol, solos compactados, parques de estacionamento, jardins, aterros, leitos de pavimento, bases e sub-bases» («Para a Harsco, a escória é um negócio sólido 
e em crescimento», Sara Dias Oliveira, Público, 8.12.2015, p. 16).

      Como produto que é, vai ter um nome comum, se continuar a ser fabricado e utilizado. Podia ser «asico». Podia, mas temos de esperar.

 

[Texto 6462]

Sintaxe de «preferir»

Não o imitem

 

      «Há duas formas de olhar 
para isto. Uma, é [sic] desvalorizar, considerando que a opinião 
de Estrela Serrano está hoje confinada a um blogue e às páginas da Acção Socialista Digital. Não vou cometer tal indelicadeza. Prefiro antes valorizar as suas palavras, relembrando que Serrano foi membro da ERC durante o consulado socrático, e que essa mesma ERC era então dirigida pelo seu parceiro de blogue, hoje patrão do parque nacional de chaimites» («Serrano e a liberdade respeitosa», João Miguel Tavares, Público, 8.12.2015, p. 44).

    Nas cervejarias, por exemplo, onde estanciam demoradamente muitos dos comentadores, é que se pode dizer assim. Preferir mais, preferir antes, preferir muito mais e outras que tais são construções populares, sim, mas erradas. Talvez, como alguns autores aventam, estas formas se expliquem pela influência da estrutura clássica comparativa «mais... (do) que». A boa sintaxe exige a construção «preferir uma coisa a outra». As outras construções, erradas, são pleonasmos escusadíssimos, pois em «preferir» já está implícito o sentido de «antes». Gente atenta afirma que Antenor Nascentes rastreou aquela sintaxe em Bernardes, Garrett e Camilo e até (supremo argumento!) noutras línguas, concluindo por isso que não há erro nenhum nas construções «preferir antes» e «preferir do que». Isto é transferir a infalibilidade do papa para os escritores. Pior: é erigir em norma os erros de quem, no demais, foi modelo.

 

[Texto 6461]