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Linguagista

Léxico: «caça-tesouros»

Ficam no osso

 

      «Este estado das coisas abre espaço para a actuação do fortíssimo lobby dos chamados caça-tesouros, que Filipe Castro, arqueólogo náutico português actualmente a trabalhar no departamento de Antropologia da Universidade do Texas, classifica como “um negócio de criminosos”» («Um galeão afundado, com ou sem tesouro, também é política», Sérgio C. Andrade, Público, 26.12.2015, pp. 26-27). 

      A maioria dos dicionários regista caça-bombardeiro, caça-minas, caça-moscas, caça-níqueis, caça-submarino e caça-torpedos. Alguns registam caça-dotes (porque em número superior aos caça-tesouros?). Nas obras de Nelson Rodrigues aparecem caça-dotes. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, contudo, não regista «caça-dotes», nem «caça-rapazes», por exemplo. Com o tempo, os dicionários vão alijando carga, até só terem o português fundamental e os neologismos do dia.

      «O vestido dela era preto e cingido, coxas à mostra; cabelo curto, liso atrás e uns caracolinhos caça-rapazes caídos para a testa...» (As Contadoras de Histórias, Fernanda Botelho. Lisboa: Editorial Presença, 1998, p. 122).

 

[Texto 6503]

Ortografia: «Bahia»

Por tradição

 

    «Mas o arqueólogo e investigador acha que, “pela similitude que apresenta com o San José, a nau Santa Rosa será o caso mais emblemático”. Explica tratar-se de “uma embarcação de 66 canhões, construída em Lisboa em 1716”, que foi destruída “num incêndio e subsequente explosão nos paióis da pólvora, em 1726, quando regressava da Bahía a Lisboa”, e quando transportava cerca de 10 toneladas de ouro — pereceram então 700 portugueses. Deverá encontrar-se “em águas territoriais brasileiras, ao largo do cabo de Santo Agostinho, Pernambuco”, acrescenta Alexandre Monteiro, notando que, “um dia destes, Portugal terá que se confrontar com um destes casos”: um navio com a sua bandeira de Estado, “com um tesouro a bordo, pronto a ser vendido em leilão”» («Um galeão afundado, com ou sem tesouro, também é política», Sérgio C. Andrade, Público, 26.12.2015, p. 27). 

      O erro espreita sempre. O nome do Estado nordestino é grafado com h medial, sim, mas sem acento agudo no i, porque antigamente o h era utilizado para indicar o hiato (bahia, cahir, sahir, etc.). Quando deixou de se usar o h para este fim, o hiato passou a ser indicado pelo acento. O Estado da Bahia, contudo, manteve a grafia tradicional. Em castelhano é que se escreve bahía. Ora, não afirmou Afrânio do Amaral (1894-1982) que «bahia» é espanholismo?

 

[Texto 6502]

Os melhores do ano

Observador independente

 

      «José Manuel Fernandes, Rui Ramos, David Dinis — Criaram o primeiro grande jornal online, o Observador. Numa altura em que toda a gente fala numa língua que não chega a ser português, é bom saber que ainda aparece quem escreva português e, às vezes mesmo, bom português» («Os melhores do ano», Vasco Pulido Valente, Público, 26.12.2015, p. 48).

 

[Texto 6501]