Léxico: «caça-tesouros»
Ficam no osso
«Este estado das coisas abre espaço para a actuação do fortíssimo lobby dos chamados caça-tesouros, que Filipe Castro, arqueólogo náutico português actualmente a trabalhar no departamento de Antropologia da Universidade do Texas, classifica como “um negócio de criminosos”» («Um galeão afundado, com ou sem tesouro, também é política», Sérgio C. Andrade, Público, 26.12.2015, pp. 26-27).
A maioria dos dicionários regista caça-bombardeiro, caça-minas, caça-moscas, caça-níqueis, caça-submarino e caça-torpedos. Alguns registam caça-dotes (porque em número superior aos caça-tesouros?). Nas obras de Nelson Rodrigues aparecem caça-dotes. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, contudo, não regista «caça-dotes», nem «caça-rapazes», por exemplo. Com o tempo, os dicionários vão alijando carga, até só terem o português fundamental e os neologismos do dia.
«O vestido dela era preto e cingido, coxas à mostra; cabelo curto, liso atrás e uns caracolinhos caça-rapazes caídos para a testa...» (As Contadoras de Histórias, Fernanda Botelho. Lisboa: Editorial Presença, 1998, p. 122).
[Texto 6503]