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Linguagista

Preço e valor: Adam Smith

Sinónimos, mas pouco

 

      «“O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema de as adquirir.” A frase, com mais de 200 anos, do economista Adam Smith, autor de a A Riqueza das Nações, serve na perfeição para explicar o porquê de tão abrupta queda do preço do petróleo» («A riqueza das nações», editorial, Público, 31.01.2016, p. 68).

      Será que o Sr. Smith disse mesmo isso, ou seja, estará bem traduzido? É que na rubrica «Escrito na pedra» estampam cada disparate que envergonha a própria tinta e deixa o papel ainda mais pálido. Todo o preço é valor; nem todo o valor é preço. «Se cada homem consumisse (utilizasse) apenas os bens por si [sic] próprio produzidos, o valor dos bens utilizados corresponderia ao “esforço do seu próprio corpo” para os produzir: “o verdadeiro preço de todas as coisas – escreve Smith [Cfr. A Riqueza das Nações, I, 119 ss] –, aquilo que elas, na realidade, custam ao homem que deseja adquiri-las, é o esforço e a fadiga que é necessário dispender [sic] para as obter”» (A. J. Avelãs Nunes. «A Filosofia Social de Adam Smith», Boletim das Ciências Económicas, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Vol. XLIX, 2006, p. 7).

 

[Texto 6586]

«Atirar o barro à parede»

Bairro de Telheiras

 

      «Xinle Zhu, do Dim Sum Park, em Telheiras, arregalou os olhos de espanto. Apesar da maturidade dos seus 30 anos, ficou intrigado como uma criança. Do outro lado, o jornalista Markus Almeida escondia um segredo. Ultrapassada uma ligeira hesitação, Zhu perguntou: como é que o jornalista sabia que ele era natural de Qingtian? A verdade é que o Markus não sabia — tinha feito aquele clássico movimento do jornalista-avançado-centro, o “atirar o bairro à parede”» («Diga Dim Sum», Ângela Marques, «GPS»/Sábado, 28.01.2016, p. 3).

      Uns atiram o bairro à parede, outros bramem o estandarte. É assim a vida. Isto é do falar lisboetês. Ainda na sexta-feira ouvi uma jornalista dizer na rádio, várias vezes, «caixa», e afinal era de «queixa» que se tratava. «Não sei como, a censura deixou passar o meu “recuerdo” sobre o Rui Luís Gomes. Vale sempre a pena atirar o barro à parede» (Diário, Mário Sacramento. Lisboa: Limiar, 1975, p. 121). 

 

[Texto 6585]

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