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Linguagista

O futebol em 12 mil palavras

E ainda me parece um exagero

 

      «O futebol sempre foi um desporto relativamente simples, ancorado em 17 leis do jogo que têm permanecido, em grande medida, inalteradas desde o século XIX. Esse enquadramento é agora garantido por cerca de 22.000 palavras, que geram interpretações por vezes diversas, criando divergências que os responsáveis estão a tentar minimizar. […] Ao contrário de outras modalidades, que têm dezenas de leis, no futebol são apenas 17, mas [David] Elleray enfrentou uma tarefa árdua ao reduzir as regras e a sua interpretação de 22.000 para 12.000 palavras» («A revisão das regras no futebol assenta no “senso comum”», Público, 19.01.2016, p. 42).

      É obra, de 22 mil para 12 mil palavras. Era preciso ver o resultado. Futebol e senso comum na mesma frase é que me faz um bocadinho de impressão, mas está bem.

 

[Texto 6552]

Léxico: «divisivo»

Meio latino, meio inglês

 

     «Não houve um único político britânico que não condenasse a retórica preconceituosa e ofensiva de Trump, nomeadamente o primeiro-ministro, David Cameron, que expressou o seu profundo desacordo com as “declarações estúpidas, erradas e divisivas” do milionário» («Clinton a caminho do sonho mas a ameaça Sanders é cada vez mais real», Alexandre Martins, Público, 19.01.2016, p. 24).

  «Divisive, stupid and wrong», disse Cameron. Aquele «divisivo» é, evidentemente, alienígena, mas vejo-o registado no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e no Dicionário Houaiss (2003). O Sr. Sacconi não o registou. Nem José Pedro Machado. Nem o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa. Nem Rebelo Gonçalves. No entanto, temos de o reconhecer, é termo — meio latino, meio inglês — que nos faz falta.

 

[Texto 6551]