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Linguagista

«Continente Branco»

Coisas simples e esquecidas

 

      «Os tardígrados deste estudo, que tinham sido recolhidos em 1983, encontravam-se numa amostra de musgo obtida durante uma expedição japonesa de investigação científica na Antárctida, na Terra da Rainha Maud, um território norueguês no Leste do continente branco» («Ursinhos-de-água. Estes animais são tão incríveis que voltaram
 à vida ao fim de 30 anos congelados», Rita Ponce, Público, 23.01.2016, p. 32).

      Rita Ponce, se está em vez de Antárctida, grafa-se com maiúsculas iniciais, porque é um prosónimo: Continente Branco. (Lembre-se, a propósito, que Rebelo Gonçalves, como substantivo, só registou Antárctida, e não Antárctica, que considerava adjectivo, antárctico, antárctica.)

 

[Texto 6561]

Léxico: «urso-d’água-doce»

Não nos tirem o apóstrofo

 

      «Os tardígrados são pequenos invertebrados, geralmente com menos de um milímetro de comprimento, translúcidos, segmentados, com cabeça e quatro pares de patas com várias garras. É devido ao seu aspecto e por viveram na água e em ambientes húmidos, como o musgo, que também 
lhes chamam ursinhos-de-água. […] Os tardígrados têm características tão distintas que dentro do reino animal têm o seu próprio filo (unidade taxonómica em que se subdividem os reinos) — o filo Tardigrada. Estes animais foram descritos pela primeira vez em 1773 pelo zoólogo alemão Johann August Ephraim Goeze, que lhes chamou kleine Wasserbären (ursinhos-de-água). Três anos mais tarde, o biólogo italiano Lazzaro Spallanzani é que lhes atribuiu o nome Tardigrada, do latim tardus (lento) e gradus (passo)» («Ursinhos-de-água. Estes animais são tão incríveis que voltaram 
à vida ao fim de 30 anos congelados», Rita Ponce, Público, 23.01.2016, p. 32).

   Parece-me bem explicado — mas será mesmo esse o nome do animálculo? No que pensei de imediato foi que merecia um apóstrofo. Consultei o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e a surpresa foi ainda maior: urso-d’água-doce.

 

[Texto 6560]

«Razão por que»

Português de Oxford

 

  «É a razão porque
 em épocas de tensão e de crise também a “esquerda” gosta de
 se declarar “centro-esquerda”. Ali naquele lugar vazio fica mais protegida e menos responsável pelo que der e vier. Claro que esta brincadeira com as posições de cada um não tem um fim visível ou lógico. Nada impede uma criatura de se definir como da “extrema-esquerda da direita” ou como a “extrema-direita da esquerda”. A asneira é livre» («Posições», Vasco Pulido Valente, Público, 23.01.2016, p. 56).

      É isso mesmo, a asneira é livre. Eu bem queria saber a razão por que Vasco Pulido Valente escreve assim, quando já lhe disse que está errado. Talvez em Oxford se escreva desta forma.

 

[Texto 6559]