Revisão científica («review»)
Vai em latim: ne sutor ultra crepidam
«Outro estudo citado, da autoria de dois psicólogos da Universidade do Porto, apoiado numa “revisão efectuada de um conjunto de estudos” (quais e porquê revistos?), ia ainda mais longe, concluindo que a dita revisão “permitiu mesmo constatar que duas mulheres exercem a parentalidade de forma mais satisfatória, em algumas dimensões, do que um homem e uma mulher” – coisa que, como é sabido, a natureza confirma todos os dias, seja nos linces da Malcata, nos pandas da China ou nos mosquitos da malária» («Voltemos ao fado», Miguel Sousa Tavares, Expresso, 30.01.2016, p. 7).
A parte da comparação — tão legítima como qualquer figura de retórica — é para fazer sorrir o leitor. Mulheres e mosquitos... A confusão sobre o conceito de revisão científica é para fazer chorar o leitor informado e desinformar o leitor leigo. Estas revisões da literatura não servem para emendar, corrigir o que os autores dos estudos afirmaram, são simples reflexões e, por vezes, meta-análises. Alguém explique isto a Miguel Sousa Tavares.
[Texto 6587]