À volta de «fleuma»
Filhas da mesma mãe
Ainda hoje se usa na Guiné-Bissau, e está nos nossos dicionários, a palavra flema, de que só temos um exemplo em Gil Vicente. Mas temos variantes: flegma, que é um latinismo do português arcaico (ainda nos dicionários), e, finalmente, as que todos usamos, fleuma e fleima. Até aqui, todos conheciam, não é assim? O que menos gente saberá é que os alótropos não acabam aqui. Também temos freima, que significa precisamente o contrário: cuidado, impaciência, desassossego, pressa, aflição. Entretanto, desapareceu a variante freuma e deve evitar-se, por totalmente espúria, pedantice etimológica, a forma fleugma, que pode ser resultado do cruzamento de «fleuma» com o francês flegme.
Era assim que até recentemente se dizia: «Há de se le cortar o cabelo, pruque l’anda a fazer munta freima» (Apontamentos acerca do Falar do Baixo-Minho, Francisco J. Martins Sequeira. Edição da Revista de Portugal, 1957, p. 151).
[Texto 6645]