«À beira-serra»
Que mais não busco alcançar!
«As meninas, de cabelos brancos, sorridentes, aguardam a entrada da professora. “Bom dia, meninas”, anuncia Conceição Teles, no início de mais uma aula de Português. Hanny, holandesa, dá uma olhadela ao caderno, revendo a matéria dada. Em São Brás de Alportel, à beira-serra do Caldeirão, cerca de 15% da população é estrangeira, a maioria ingleses reformados. A necessidade da criação de um “ponto de encontro” gerou uma nova dinâmica cultural numa terra adormecida» («Estrangeiros estão a mudar a vida cultural de São Brás de Alportel», Idálio Revez, Público, 11.04.2016, p. 13).
De facto, se já tínhamos à beira-mar e à beira-rio — porque não à beira-serra? Não, Idálio Revez não inventou nada. Mas será meramente coincidência que fosse um poeta de São Brás de Alportel, Bernardo de Passos (1876-1930), das poucas pessoas que escreveram a expressão? «Minh’ aldeia à beira serra,/vendo lá ao longe o mar,/dá-me a paz, o esquecimento,/que mais não busco alcançar!» (in Refúgio, 1936).
[Texto 6741]