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Linguagista

Léxico: «óstraco»

Mais pobreza

 

      «Os cientistas escolheram para análise uma série de 16 inscrições em hebraico, feitas com tinta na superfície de um conjunto inicial de cem cacos de cerâmica (chamados “óstracos”). Esses fragmentos, vindos de objectos diversos, eram usados para escrever por serem mais baratos e duráveis do que o papiro ou o couro» («Bíblia. Terá ela começado a tornar-se um livro há mais de 2600 anos?», Ana Gerschenfeld, Público, 22.04.2016, p. 10).

   Cá está outra que falta nos principais dicionários. Óstraco. Ana Gerschenfeld lembra, e bem, que ostracismo é deste vocábulo que provém.

 

[Texto 6764]

Léxico: «acavalitar»

E depois gabam as alheias

 

      «Pelo meio, ouviu poemas, recebeu presentes, distribuiu simpatia. Confessou que não estava à espera de ter tanta gente na rua à espera. Em Cabeço de Vide, uma aldeia branca acavalitada no cimo de um monte, nem a chuva dispersou a pequena multidão que o esperava. “É a primeira vez que o vejo ao vivo”, emociona-se uma senhora de meia-idade. Um miúdo abana o braço do colega com toda a força, fazendo-o abanar todo, repetindo o “passou-bem” vigoroso que o Presidente lhe tinha dado» («Marcelo, o Presidente próximo, troca beijinhos e selfies por esperança», Leonete Botelho, Público, 22.04.2016, p. 10).

      É variante de encavalitar, mas que os lexicógrafos esqueceram. Ao mesmo tempo, põem nos píncaros a incomensurável riqueza da língua inglesa. (Leonete Botelho, passou-bem, coloquial ou não, não precisa de aspas. Deixe-se disso.)

 

[Texto 6763]

Léxico: «tecolameco»

É alentejano, não entra

 

      «Mas o dia não foi de problemas, antes de festa. Acabou a jantar com os alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, que lhe prepararam o manjar: creme de coentros, bochecha de vitela, carne alentejana com migas de espargos, tudo acompanhado de três tipos de pão: alentejano, de castanha e de bolota. Um doce típico do Crato, tecolameco, para sobremesa. E vinho de uma herdade próxima, propriedade de Cândido Ferreira, adversário de Marcelo nas presidenciais» («Marcelo, o Presidente próximo, troca beijinhos e selfies por esperança», Leonete Botelho, Público, 22.04.2016, p. 11).

     É mais um doce tradicional da riquíssima doçaria conventual. Os dicionários desconhecem. Seria mais provável estar dicionarizado se fosse um regionalismo do Norte.

 

[Texto 6762]