E isso interessa?
«Pouco depois das 11h, os primeiros homens, mulheres e crianças começam a chegar a terra. São dezenas, que formam longas filas no estuário numa marcha lenta. Uns usam fatos
de mergulho, outros roupa normal. Quase todos carregam grandes mochilas ou sacos cheios de amêijoa, ancinhos, facas e aparelhos de arrasto manuais, conhecidos como “berbigoeiros”» («Um negócio ilegal feito às claras por gente que não gosta de fotografias», Luciano Alvarez, Público, 15.05.2016, p. 19).
Há dicionários que não registam nem isto nem aquilo, mas o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhe somente berbigoeira, e diz que é o «nome dado à rede de apanhar berbigões, na ria de Aveiro». Há-de ser um localismo, e o termo de uso mais generalizado no País será berbigoeiro. Aliás, à rede para pescar camarões, por exemplo, dá-se o nome de camaroeiro, e não camaroeira.
Está-se sempre a gabar o número incontável de palavras que a língua inglesa tem, mas nada se faz para registar todo o vocabulário da língua portuguesa. Diga-se que há cálculos um pouco estranhos, como este, de A. Tavares Louro, no Ciberdúvidas: «Não havendo números concretos, costumamos aceitar que, por cada palavra latina ou francesa do vocabulário inglês existe uma palavra de outra origem. Este critério leva-nos a dizer que o vocabulário inglês corresponde ao dobro do vocabulário da língua portuguesa» («Sobre o número de palavras das línguas portuguesa e inglesa», 14.10.2004, aqui). Isto faz algum sentido?
[Texto 6810]