Suinização da língua
Isso é que está mal
«Dylan deixa as interpretações para os intérpretes e mantém tudo em aberto, como um bom poeta. Mas pede que não usem essa palavra: “Acho que um poeta é alguém que nunca diria de si mesmo que é um poeta... Uma pessoa capaz de dizer que é um poeta simplesmente não pode ser um poeta... Quando as pessoas me chamam um poeta, eu digo: ‘Oh, fixe, que fixe chamarem-me um poeta!’ Mas não me adianta nada. Podem ter a certeza disso. Não fico mais feliz por causa disso.”» («Quem é Dylan», Pedro Mexia, «E»/Expresso, 24.09.2016, p. 106).
Gosto de ler o que escreve Pedro Mexia (o que revela, até certo ponto, o meu bom gosto), mas por vezes ele exagera. Nisto ou naquilo. Neste excerto, o abuso do artigo indefinido — a tal suinização da língua de que já falámos — é deselegantíssimo. Concorda comigo, Pedro Mexia? Talvez porque é uma tradução, pois não o estou a ver a falar e escrever assim. Corte, corte, corte.
[Texto 7120]