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Linguagista

Tradução: «pick-up»

Redutoras já está assente

 

      «A X-Class é uma pick-up de tamanho médio e terá um motor V6 e um quatro cilindros, ambos diesel e com tração integral. Esta combina um sistema eletrónico, uma transmissão com redutoras e dois bloqueios de diferencial, um no eixo traseiro e outro central» («A classe que faltava», Rui Pedro Reis, Expresso Diário, 27.10.2016).

      Cá estão as redutoras — agora já libertas das aspas discriminatórias que lhes vimos aqui. Isto está assente. Mas pick-up... Vão lá dizer ao tio José que gostam da pick-up dele... Toda a vida ouvi dizer e disse carrinha de caixa aberta. Para o Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora, o equivalente é «camioneta de caixa aberta». Os Brasileiros não podiam deixar de afeiçoar a palavra à sua maneira (que não é manifestamente a nossa) e, vai daí, saiu picape (!), que, para o Aulete, é a «caminhonete com carroceria aberta para transporte de mercadorias». Em 2017, toda a gente — incluindo cá o degas — vai querer uma carrinha destas. Será meio caminho para me tornar agricultor urbano.

 

[Texto 7200]

 

 

Carrinha.jpg

Tradução: «raceway»

Já que é proibido

 

      «E, para crescer em escala, está em estudo a criação das chamadas raceways low-cost, uma espécie de piscinas, mas a céu aberto, que permitem produzir quantidades muito maiores de algas, embora com um nível de pureza menor (e, neste caso, serão destinadas a outros fins que não a indústria alimentar)» («O que leva uma cimenteira a produzir microalgas?», Alexandra Prado Coelho, Público, 27.10.2016, p. 27).

      Será que se chamam mesmo raceways low-cost, como escreve a jornalista? É claro que não. Quando muito, raceways — já que é proibido escrever totalmente em português na imprensa portuguesa. São tanques de fluxo contínuo.

 

[Texto 7199]

Tradução: «slippery slope»

Uma escorregadela

 

      «Estamos perante um efeito “bola de neve”, dizem os investigadores, que usam a expressão “terrenos escorregadios” (em inglês, slippery slope). E, presumem os cientistas, o mesmo princípio também poderá aplicar-se a situações como comportamentos de risco ou violentos» («O cérebro adapta-se à desonestidade e a mentira cresce», Andrea Cunha Freitas, Público, 26.10.2016, p. 27).

      Não é um efeito bola de neve, não. A metáfora é outra. À letra, é um plano inclinado escorregadio. No efeito bola de neve, pretende-se dizer que alguma coisa se vai avolumando, e, por consequência, tomando proporções cada vez maiores. Ora, no slippery slope (termo proposto em 1985 por Frederick Schauer), como aqui explica José Roberto Goldim, professor de Bioética, isso não acontece, o fenómeno não se vai ampliando em escala, há antes uma contiguidade.

 

[Texto 7198]