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Linguagista

Léxico: «chouriçada»

Esquecem-se sempre de alguma coisa

 

    Para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, chouriçada é apenas uma «grande quantidade de chouriças ou chouriços» e «fumeiro». Não só, não só: aqui os militares de uma revolta em Lisboa iam ter no rancho chouriçada — «refeição à base de chouriços de várias espécies», como se lê Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa. Ainda hoje hei-de ir à Pop Sandwich, ali na Frederico Arouca, comer, não uma chouriçada, mas uma apetitosa sandes de ovo.

 

[Texto 7238]

Tradução: «fulldome»

Prioridades trocadas

 

      «No Planetário do Porto — Centro Ciência Viva, por exemplo, haverá uma sessão pública de observação da Lua com telescópios, entre as 19h e as 21h de amanhã. Para ajudar a compreender este fenómeno, haverá modelos à escala da Terra e da Lua e também se irá recorrer ao sistema de projecção digital fulldome (projecção na cúpula do planetário, criando o efeito de ambiente imersivo)» («Prepare-se: vem aí uma super-Lua como não se via há 68 anos», Teresa Serafim, Público, 13.11.2016, p. 27).

    Devia ser sempre, mas sempre, ao contrário: primeiro a designação ou explicação em português, e só depois, entre parênteses, secundarizando-a, a designação em inglês ou seja lá qual for a língua.

 

[Texto 7237]

Fases da Lua, de novo

Muito complexo...

 

      «O que é uma super-Lua? É um fenómeno que ocorre quando o nosso satélite natural está em fase de Lua Cheia e se encontra a pelo menos 90% do seu ponto mais próximo da Terra. Em Lisboa, serão 11h22 quando a Lua atingir o perigeu — o ponto da sua órbita mais perto da Terra. É que a órbita da Lua (tal como a dos planetas) é elíptica, em vez de circular, e não é sempre igual» («Prepare-se: vem aí uma super-Lua como não se via há 68 anos», Teresa Serafim, Público, 13.11.2016, p. 27).

      Muito bonito, mas já aqui vimos que as fases da Lua se grafam com minúscula, assim: lua cheia, lua nova, quarto crescente, quarto minguante.

 

[Texto 7236]

Hillary Clinton e a «cabra expiatória»

Então explique

 

      «Parem de dizer mal de Hillary Clinton. Ou de fazer dela o “bode expiatório” de todos os nossos erros. A face das elites corruptas e alienadas? Pode ser. Mas esse é o discurso no qual o populismo ignaro de Trump nos quis fazer acreditar» («Parem de dizer mal de Hillary Clinton», Teresa de Sousa, Público, 13.11.2016, p. 36).

      Se é assim com uma jornalista experiente... Vamos lá ver, Teresa de Sousa, as aspas para que servem? Quer mesmo dizer «bode expiatório» ou não? Decida-se. Ah, já sei, um problema de género: Hillary Clinton só pode ser uma «cabra expiatória», é isso? Ao que chegou o jornalismo.

 

[Texto 7235]