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Linguagista

Tradução: «chevalier servant»

Está resolvido

 

      Pôs fim à relação com a namorada, muito mais velha, dizendo-lhe que já não queria brincar aos chevaliers servants. Como vamos traduzir isto? Cavaleiros andantes já conhecíamos — mas serventes... Se chichisbéu — que vem do italiano cicisbeo: «Figura caratteristica del sec. 18°, detta anche cavalier servente, che aveva il compito di stare a fianco della dama per farle compagnia e per servirla in tutto ciò che potesse occorrerle durante la giornata» — não tivesse já o sentido que os dicionários lhe dão, de galanteador importuno, seria perfeito. Ah, mas voltemos atrás: lembro-me agora de ter lido em Teixeira-Gomes «cavaleiro servente», e, algures, «cavaleiro-servente». Está resolvido. Infelizmente, no Dicionário de Francês-Português da Porto Editora, na subentrada «chevalier servant» diz-se que é o «cavaleiro que acompanha uma dama». E é — mas isso é uma definição, não uma possível tradução.

 

[Texto 7306]

O género de «ênfase» (e de «epítome»)

É menina

 

      Santana Castilho, «especialista na área da Educação», no noticiário das 5 da tarde na Antena 1, a propósito dos resultados do PISA: «Por exemplo, o ênfase terrível de Nuno Crato em tudo querer medir, tudo querer avaliar, e achar que com exames se aprendia mais, se isso não tivesse sido feito, eu não sei se os resultados não seriam ainda melhores.»

      A pedido de muitos especialistas, qualquer dia «ênfase» é do género masculino. Entretanto, porém, é do género feminino, e por isso temos ali um erro. Ultimamente, ando a ver muito, em traduções, outro erro, que é atribuir o género feminino a «epítome». Tudo trocado.

 

[Texto 7305]

Léxico: «sâmara»

Em que se fala de maná

 

      Aprender, aprender, todos os dias aprendemos. Nos melhores dias, infelizmente escassos, até aprendemos a não ser parvos. Mas de miudezas do dia-a-dia, quero salientar agora, a meio da tarde, a palavra sâmara. É o nome do tipo de fruto, com três a cinco centímetros de comprimento, de árvores como o freixo, termo que talvez tenha como étimo o grego phraxis, sebe, separação, porque é ou era a sua utilização mais comum. E a propósito de freixo: no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, uma das acepções de maná é «suco resinoso e açucarado, utilizado, depois de seco, como purgativo». Não se diz é que esse suco provém do freixo (Fraxinus ornus e Fraxinus angustifolia), cultivado no Sul da Itália e Sicília precisamente para esse fim.

 

[Texto 7304]