Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Passar não sei quantos anos sobre que»

Ora digam

 

    «Passam, hoje, 36 anos sobre que morreram tragicamente Adelino Amaro da Costa e Francisco Sá Carneiro, dois políticos de excepção que nunca será de mais lembrar e evocar» («4 de Dezembro de 1980», José Ribeiro e Castro, Avenida da Liberdade, 4.12.2016).

   Sou eu que estou a ficar cada mais mais esquisito, ou aquela formulação — «sobre que» — soa mesmo mal e até violenta um pouco a língua? Digam, não se acanhem.

 

[Texto 7310]

Léxico: «riodonorense»

Querem ver?

 

      «Do outro lado da raia, que aqui nunca existiu, está Rionor espanhol. Um povo que agora tem 12 habitantes. Sempre fizeram vida com eles. De um lado e do outro. As regras de Franco e Salazar pouco se sentiam. O que mais se ouvia eram os sons das festas quando se casavam rionorenses espanhóis com riodonorenses portugueses, diz Norberto Preto» («INATEL leva Rio de Onor a Lisboa», Afonso de Sousa, TSF, 7.12.2016).

   Querem ver que os próprios se querem riodonorenses e não riodonoreses, única variante, esta última, que está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa? Algum leitor compassivo nos ajude neste transe.

 

[Texto 7309]

Léxico: «ranceiro»

Coisas de Rio de Onor?

 

      «É no quintal, atrás da casa, quase no fim da rua da Igreja, que Bernardino Preto, de 82 anos, está concentrado, num trabalho muito particular. “Tenho que estar aqui concentrado, nas galinhas, senão vem ela e leva-mas outra vez. Ela anda por aí ranceira, ranceira e apanhou-a sem darmos por conta. Eu estava aqui a picar lenha, a minha mulher estava ali sentada e quando fomos a encerrá-las faltava uma galinha. Pronto! Lá a raposa a levou”, diz desolado» («INATEL leva Rio de Onor a Lisboa», Afonso de Sousa, TSF, 7.12.2016).

      Vá lá, sejam prestáveis mais uma vez e tentem encontrar-me esta palavra — ranceiro — em algum dicionário. Valha a verdade que também não conhecia «picar a lenha».

 

[Texto 7308]

Léxico: «turistificação»

O processo avança

 

   «Estes activistas que não querem ser identificados pessoalmente dizem não ter nada contra o turismo, mas têm um papel crítico sobre a gentrificação e turistificação de Lisboa» («A turistificação de Lisboa e Porto ainda pode crescer», Joana Gorjão Henriques, «Revista 2»/Público, 31.08.2014, p. 10).

    Ouvi-a esta manhã na rádio, mas fui encontrá-la numa edição de 2014 do Público. Quanto a «gentrificação», que também não parou, já aqui a vimos. Uma previsão fácil, a de a turistificação de Lisboa e Porto ainda poder crescer. O que cresceu de 2014 até agora...

 

[Texto 7307]