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Linguagista

«Báculo», uma acepção

O osso do pénis: um bastão

 

      Vem hoje no Diário de Notícias: «Cientistas britânicos que estudaram a evolução do osso do pénis nos mamíferos acreditam que os humanos perderam este osso há cerca de 1,9 milhões de anos devido à monogamia. Este osso, que ainda existe em muitos mamíferos e é conhecido como báculo (baculum), varia muito em tamanho — o do macaco pode medir o mesmo que um dedo e o das morsas pode chegar a 60 centímetros. De acordo com os investigadores da Universidade de Londres [ver aqui], poderá ter existido nos antepassados dos humanos e desaparecido quando a monogamia emergiu como a principal estratégia de reprodução.» Não se pode ter tudo. Dizem. Por exemplo, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista esta acepção de báculo, ao passo que no Dicionário Houaiss (2003) a vamos encontrar.

 

[Texto 7327]

O AOLP90 em revisão

Mais do que uma

 

      Esta noite tive um pesadelo. Tudo teve origem nesta simples linha de um artigo do Notícias ao Minuto lido já perto da meia-noite: «“Sem pés para andar” ou “não tem pés nem cabeça”, foi como Vital Moreira tratou as recentes notícias chegadas da Academia de [sic] Ciências de Lisboa, afirmando que em janeiro apresentará uma proposta para rever o Acordo Ortográfico.» Estive vai-não-vai para perguntar à jornalista, Inês Esparteiro Araújo, se tinha mesmo a certeza. Desisti. Tive o tal pesadelo. Agora, relido de manhã, compreendi que o artigo está simplesmente mal redigido: afinal, a proposta que será apresentada em Janeiro é a da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). Uf! É que me lembrei logo deste texto no Assim Mesmo. Está bem, desta estamos livres. Mas disseram-me agora mesmo que vão ser apresentadas outras propostas de revisão do Acordo Ortográfico de 1990. Agora, já não pára. Agora, já não para. De qualquer maneira, e já que falo nisto, devo dizer que não me parece que Vital Moreira (ver aqui) compreendesse o alcance e a natureza do contributo da ACL para esta questão.

 

[Texto 7326]

Tradução: «mêmeté»

Ainda da psicanálise

 

   Mais coisas estranhas: o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista mesmidade nem mesmeidade. Contudo, numa incongruência que já conhecemos, o Dicionário de Português-Italiano da mesma editora acolhe «mesmeidade». É também esta a grafia por que optou a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e sobre a qual Rebelo Gonçalves diz ser «inexacta», embora também o bom Morais a acolha. De facto, como se pode chegar de «mesmo» a «mesmeidade»? Agora que tenho de traduzir o francês mêmeté, não tenho dúvidas de que devo usar o termo mesmidade.

 

[Texto 7325]

Léxico: «analisando»

Da psicanálise

 

      Há dias, para distrair a minha filha de qualquer actividade mais deletéria, fui-lhe dizendo, uma a uma, todas as palavras tais como catequizando, doutorando, educando, examinando, explicando, formando, licenciando, mestrando... Achou muita graça a «explicando». Agora, lembrei-me do analysant de Lacan, o «sujet qui est en cours d’analyse». Também o temos? Temos pois: «Só que o analisando não é um objecto passivo de observação, e muitas vezes não pode ou não quer ver o que se lhe mostra» (Revista Portuguesa de Psicanálise, edições 9-13. Lisboa: Edições Afrontamento, 1990, p. 49). E, se não está em todos os dicionários, encontramo-lo, pelo menos, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. O Dicionário de Francês-Português desta editora, porém, a analysant e analysé faz corresponder... «analisado». Não, não pode ser: trata-se de um processo, e daí termos, a par de «licenciando», «licenciado»; a par de «doutorando», «doutorado», etc.

 

[Texto 7324]