Sobre «condestável»
É como quem diz
Ontem, no programa Quinta Essência, da Antena 2, ouvi, aliás pela segunda ou terceira vez, a historiadora Manuela Mendonça falar do reinado de D. João II. Convidada a dar uma explicação da etimologia do vocábulo «condestável», respondeu logo alegremente: «Eu tenho uma teoria sobre isso.» E que teoria é essa? Bem, Carlos Magno estrutura o seu império em condados, e no topo da hierarquia do seu palácio põe condes. O botelheiro era conde; o escanção era conde; o que tratava do estábulo do rei era conde — o conde do estábulo, que viria a dar «condestável». Muito bem, muito bem... «Aqui para nós. Vá, vamos cá introduzir um factor de modéstia: é uma ideia sua ou está consagrado assim?» Era uma ideia da historiadora: «Não, é uma ideia minha. Eu também tenho o direito de ter ideias.» Eu também tenho uma teoria: só é uma ideia sua no sentido de se ter apropriado dela. Há muito, muito tempo que se conhece e está registada essa etimologia: condestável vem do latim tardio comes stabuli. Está a escapar-me alguma coisa?
[Texto 7330]