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Linguagista

Plural de «artesão»

Pois é

 

      «“A madeira dos plátanos usada pelos artesões nos violinos, mas não nos violoncelos, mostra um padrão de oxidação por calor atípico da madeira natural, mas que já tinha sido relatado em madeira que tinha apodrecido devido a fungos”, explica um resumo da PNAS [Proceedings of the National Academy of Sciences]» («Afinal, qual é o mistério da sonoridade dos Stradivarius?», Teresa Serafim, Público, 20.12.2016, p. 23).

      Resumo traduzido, podemos supor, pela jornalista. Pois bem, no caso, o plural «artesões» está errado. Se, no contexto, significasse o adorno arquitectónico, estaria correcto; já quando designa o artífice, o plural é «artesãos». Esperemos que a correcção chegue aos olhos ou aos ouvidos de Teresa Serafim.

 

[Texto 7340]

Tradução: «janotisme»

Diable!

 

      Os revisores do jornal francês Le Monde vieram falar de um caso de janotisme surgido na edição em linha do seu jornal. Tratava-se de um título, que dizia assim: «Comprendre comment la planète perd sa banquise en 3 minutes». Ou seja, «compreender como o planeta perde a sua banquisa em três minutos». Mais tarde, foi corrigido: «Comprendre en 3 minutos comment la planète perd sa banquise». Isto é, «compreender em três minutos como o planeta perde a sua banquisa». (Banquisa ou, melhor ainda, para fugir ao galicismo, banco/campo de gelo.) Muitas vezes, se não origina frases erradas, pelo menos ridículas não deixam de ser. A colocação das palavras não é arbitrária ou indiferente. O janotisme, que não é o nosso «janotismo», consiste, segundo o Trèsor, no «défaut de style qui consiste à rompre la logique syntaxique en rapprochant abusivement certains membres de phrase et en provoquant des équivoques burlesques». Sim, mas qual é a tradução? O Dicionário de Francês-Português da Porto Editora só nos dá uma definição: «construção incorrecta da frase que produz ambiguidade».

 

[Texto 7339]