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Linguagista

Os Hereros, os Namas e a TSF

Disfuncional

 

      «As vitimas [sic] foram os povos Herero e Nama. Ao todo morreram cerca de 70 mil pessoas: 80% dos hereros e 50% dos Nama. A Alemanha já reconheceu o genocídio mas está atualmente a conversar com as autoridades da Namíbia e representantes dos Herero e dos Nama sobre um pedido de desculpa oficial. Foi esse o momento decidido pelo museu do holocausto [sic] em Paris para dar conhecimento do que aconteceu em África no inicio [sic] do século XX» («O primeiro genocidio [sic] do século XX foi em África», Margarida Serra, TSF, 27.12.2016, 18h15).

      É na rádio, ninguém vê os erros, não é assim? Era: antes de as rádios estarem também na Internet. Agora, convém terem um pouco mais de cuidado. Sobretudo não publicarem rascunhos, como é o caso. Aprendam: «O uso de trocar as mulheres encontra-se em outros povos bantos. Praticam-no sobretudo os Hereros de Angola e do Sudoeste Africano e os Nhanecas e Humbes da referida província portuguesa, talvez por influência daqueles» (Conto e Costumes Macondes, M. Viegas Guerreiro. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965, p. 16) «Conta-se que o costume existiu nos Hotentotes Namas do Sudoeste Africano» (idem, ibidem, p. 17).

 

[Texto 7360]

Ortografia: «multiúso»

Polifuncional

 

    «Usufruem deste regime as pessoas com deficiência que tenham um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, reconhecido por atestado multiúsos, e apresentem dificuldades específicas que lhes possam “limitar ou dificultar a atividade e a participação em condições de igualdade”» («Ignorar atendimento prioritário vai dar multa», TSF, 27.12.2016).

   É, como disse aqui, a grafia que prefiro e recomendo. Creio, no entanto, que é melhor optar por «multiúso». No caso, «atestado multiúso» (que eu não sabia existir). Estranhei foi que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora registe tanto «multiusos», como «multiúsos», ainda para mais sem remissões.

 

[Texto 7359]

Como se traduz por aí

Como calha

 

      O poeta, e meu amigo, Rui Almeida avisou-me de que se lê por todo o lado que o Papa Francisco desejou que estes «sejam dias de alegria e irmandade». Hum, será que o papa usou mesmo esta última palavra? Não seria antes «fraternidade», sinónimas, sim, mas que preferíamos e esperávamos ver ali? Foi, claro: «siano questi, per voi e per i vostri familiari, giorni di gioia e di fraternità». Quando deviam fugir, porque se trata de falsas cognatas, não fogem. Quem percebe esta gente?

 

[Texto 7358]

Como se escreve por aí

Nada higiénico

 

      A rapaziada da Dinheiro Vivo está entusiasmadíssima: nas casas de banho do Aeroporto Internacional de Narita, no Japão, há rolos de papel para limpar os telemóveis. Vai daí, escrevem assim: «Os passageiros que chegam ao aeroporto são encorajados a ler as folhas anticéticas com as informações antes de as mandar para o lixo, para saber onde se encontram pontos Wi-Fi e outras informações de viagem, de acordo com o mesmo portal» («No Japão o papel higiénico está a servir para limpar smartphones», 26.12.2016).

      Já podiam ter corrigido, tantas horas depois, mas os leitores, esses anormais desocupados, que se lixem, não é assim?

 

[Texto 7357]