Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Missas vespertinas»

Mas não todas as tardes

 

      Na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, aqui em Cascais, as missas aos sábados às 18h30 e aos domingos ao meio-dia são em língua inglesa. Ah, e as vespertinas também. Ora, acontece que os dicionários — tenho agora apenas três à mão, mas já me dirão se é assim em todos — não explicam o que são estas missas vespertinas. No verbete — agora estou apenas a seguir o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora — «vespertino», o leitor não fica a saber muito, excepto que se refere à tarde. Se, o que não me parece provável, passar para o verbete «véspera(s)», a acepção 4 («horas do ofício divino que se rezam de tarde») pode levá-lo a interiorizar a ideia de que é qualquer missa ao fim da tarde. Não é. As missas vespertinas são apenas as que antecedem os domingos e as solenidades.

 

[Texto 7367]

Ortografia: «micetoma»

As doze passas

 

   A revista norte-americana Forbes considera o esqueleto proveniente de uma necrópole medieval em Estremoz, encontrado numa escavação arqueológica no Rossio Marquês de Pombal, um dos dez esqueletos mais intrigantes de 2016. «O artigo», lê-se no sítio da TSF, «continuou a autarquia alentejana, refere que o “Mycetoma ou pé de Madura é uma doença fúngica sobejamente conhecida historicamente e que afeta os trabalhadores agrícolas de áreas subtropicais do mundo”, mas “quase nunca é identificado em esqueletos antigos”» («Esqueleto de Estremoz em destaque na Forbes», TSF, 30.12.2016, 19h50).

      Podiam e deviam evitar transcrever textos com erros. Em português é micetoma, que é uma infecção crónica dos tecidos causada por um fungo. É curioso, porque etimologicamente significa «fungo cruel». Uma das passas é para isto, desejar que os jornalistas tenham cuidado com a forma como escrevem. As outras onze podiam ser para acabar com a intrujice do Acordo Ortográfico de 1990, mas isto não vai lá com meros desejos.

 

[Texto 7366]