Léxico: «pepino-do-mar»
Também nos copiam
«A Polícia Marítima de Faro apreendeu 35 quilos de pepinos-do-mar, avaliados em sete mil euros. Nos últimos tempos, estes animais têm sido dizimados. A maior apreensão deu-se no ano passado, em junho, com 160 quilos apreendidos, quando o máximo permitido por lei são dois» («Polícia Marítima de Faro apreende pepinos-do-mar avaliados em 7 mil euros», Maria Augusta Casaca, TSF, 13.01.2017, 12h48).
Normalmente, todos estes seres têm mais de uma designação. Idealmente, mesmo os dicionários gerais da língua também deviam indicar, já o tenho dito, o nome científico. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista pepino-do-mar, um animal marinho, um equinoderme. O que não indica, e devia fazê-lo, é que é sinónimo de holotúria, que acolhe. Come-se cru e seco. A este dão os Franceses o nome de bêche-de-mer, que, obviamente, copiaram do nosso «bicho do mar». O Dicionário de Francês-Português da Porto Editora até regista o vocábulo bêche-de-mer, mas trata-se de um homónimo, pois remete para bichlamar (que tem também a variante bichelamar, que não acolhe), e que define assim: «língua de comunicação das ilhas do Pacífico». O que, evidentemente, não é a tradução, mas mera definição. O bichelamar é uma língua crioula que mistura o inglês e o melanésio, caracterizado pela ausência de artigos, e que é falada nas ilhas Vanuatu. Assim, nos textos de apoio da Infopédia, quando, no verbete sobre Vanuatu, se afirma que as línguas são o «francês, o inglês e o bislama», mais valia alterarem para «bichelamar», porque, afinal, é forma mais próxima do étimo, já que os Ingleses copiaram, à sua maneira, o termo francês, copiado do português, como vimos.
[Texto 7407]