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Linguagista

Nova revista

Sobre o papa

 

      «Chama-se “O meu Papa” e o primeiro número chega às bancas portuguesas no dia 31. A única revista sobre o Papa – lançada em Itália há cerca de três anos – vai ter uma versão portuguesa. São 64 páginas inteiramente dedicadas a Francisco e produzidas por uma editora não-católica [Goody], apesar de a publicação ser autorizada pelo Vaticano. […] Com uma tiragem inicial de cem mil exemplares e um preço de venda de 1,40 euros, Clara Raimundo explica que o principal objetivo da revista é “tornar mais fácil o acesso direto dos portugueses às mensagens do Papa Francisco”. As primeiras páginas da revista serão sempre dedicadas às atividades a que o Papa se dedicou na semana anterior» («Revista do Papa chega a Portugal», Rosa Ramos, Jornal de Notícias, 19.03.2017, p. 8).

      Já aqui têm um leitor (estimem-no!), mas cuidado, na tradução, com os falsos amigos, que no caso do italiano – já aqui vimos alguns – não são assim tão poucos. E não façam como António Lobo Antunes, que diz que não tem nem consulta dicionários.

 

[Texto 7583]

«Tratar-se de», todos os dias

Vamos esquecer isto

 

      «Marcelo Rebelo de Sousa convidou vários chefes de Estado para participarem no centenário das Aparições de Fátima e na visita do Papa. Segundo o “Expresso”, os esforços diplomáticos já estarão a surtir efeito e, a dois meses da vinda de Francisco, cinco chefes de Estado já terão confirmado a sua presença. Tratam-se dos presidentes de São Tomé, do Paraguai, da Colômbia, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. Todos estes governantes são católicos, mas não deverão ter direito a audiências com o Papa – que vem a Fátima como peregrino e não em visita oficial de Estado. Francisco será recebido em Monte Real por Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Ferro Rodrigues» («Fátima. Cinco chefes de Estado vêm ver o Papa», Jornal de Notícias, 19.03.2017, p. 6).

   Não está assinado, mas os jornalistas dos artigos que o ladeiam devem saber quem o escreveu. Temos de mudar a gramática, já que não aprendem.

 

[Texto 7582]

Léxico: «glucoronolactona»

Ignoram tudo o que é humano

 

    «O inquérito “Avaliação do risco da exposição a substâncias estimulantes (cafeína, taurina e glucoronolactona) em adolescentes do distrito de Lisboa” estendeu-se também aos pais dos jovens estudantes. Entre os progenitores, o consumo era, porém, residual» («Trabalhadores por turnos e estudantes abusam de bebidas energéticas», Emília Monteiro, Jornal de Notícias, 19.03.2017, p. 6).

    Taurina, que é uma substância existente na bílis do boi, está nos dicionários; glucoronolactona, que é uma substância que se forma no nosso fígado, está fora dos dicionários.

 

[Texto 7581]

Léxico: «meixão»

Anguilla anguilla

 

      «O combate à captura ilegal do meixão (larvas de enguia), uma das espécies protegidas pela CITES [Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção], tem sido uma das prioridades da GNR, que, nos últimos dois anos, apreendeu mais de 430 quilos» («Meixão a 500 euros o quilo enviado para Espanha e China», Nuno Silva, Jornal de Notícias, 19.03.2017, p. 5).

     Volta não volta, falo do meixão e lamento, de cada uma das vezes, que os dicionários não registem o vocábulo. Não compreendo esta ausência. Enguia jovem, enguia de vidro, angula, meixão, nada.

 

[Texto 7580]