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Linguagista

Léxico: «dinca/Dincas»

Todos amigos

 

      «O Sudão do Sul tornou-se independente em 2011, mas o conflito político e étnico reacendeu-se em 2013, com combates entre os grupos que apoiam o presidente, Salva Kiir, de etnia dinca, e os ligados ao seu ex-vice, Riek Machar, de etnia nuer», acabo de ler na melhor revista missionária portuguesa, a Além-Mar. Ora vejamos: no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o grupo de pressão dos Nueres levou de vencida os Dincas, que não estão representados no dicionário. Oh!, vamos acabar com esta discriminação étnica.

 

[Texto 7604]

Léxico: «supercontinente»

E fica o trabalho completo

 

    «A equipa de paleontólogos da Universidade de Cambridge e do Museu de História Natural de Londres defende também, após uma nova análise de dados-chave, que os dinossauros poderão ter ‘nascido’ no supercontinente do norte Laurasia [sic] (que englobava os continentes que formam hoje o hemisfério norte, nomeadamente América do Norte, Europa e Ásia do Norte)» («Vamos esquecer muito do que sabemos sobre os dinossauros?», Rádio Renascença, 22.03.2017, 18h35).

    Está em vários dicionários, decerto, e no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora está e não está; aparece no verbete de Pangeia: «GEOLOGIA hipotético supercontinente único que, por divisão ulterior, originou os continentes actuais». Um dicionário não pode ter estas pontas soltas. Estas estão à vista, mas há outras, ocultas. Por exemplo, se acolhe o termo supercontinente, que tinha, como vimos, o nome de Pangeia (= a Terra toda), tem de acolher igualmente o vocábulo relacionado megacontinente, que foi o resultado da divisão do supercontinente, e, como são apenas dois megacontinentes, Gondwana e Laurásia, mencioná-los, como se fez com Pangeia.

 

[Texto 7603]

Léxico: «ornitísquio», saurísquio» e «sauropodomorfo»

Falemos de dinossauros

 

      «Ao longo de 130 anos, os paleontólogos (que estudam fósseis) têm trabalhado com um sistema de classificação que agrupa as espécies de dinossauros em duas categorias: ornitísquios (com quadril de pássaro) e saurísquios (com quadril de lagarto). […] À medida que mais espécies foram descritas, tornou-se claro, para os especialistas, que os dinossauros pertenciam a três linhagens distintas: ornitísquios, sauropodomorfos (grupo de dinossauros herbívoros com pescoço longo) e terópodes (subgrupo dos saurísquios e carnívoros)» («Vamos esquecer muito do que sabemos sobre os dinossauros?», Rádio Renascença, 22.03.2017, 18h35).

   Nos dicionários, nem rasto. Minto: o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista saurisquiano, verbete que remete para sauripélvico. De sauropodomorfos também não há vestígio, e vale mais registá-lo do que vê-lo por aí nas suas vestes latinizadas como Sauropodomorpha.

 

[Texto 7602]

Tradução: «lockdown»

Pelo menos a definição

 

      O edifício do Parlamento britânico estava fechado, ninguém entrava e ninguém saía. Em inglês, isto diz-se numa só palavra: lockdown. Nas televisões, podia ler-se: «UK Parliament on lockdown after officer stabbed.» Seja como for, devia estar nos nossos dicionários bilingues. No Merriam-Webster: «an emergency measure or condition in which people are temporarily prevented from entering or leaving a restricted area or building (such as a school) during a threat of danger». (Uma dica para quando quiserem pesquisar neste dicionário: basta, ao escreverem a palavra no Google, acrescentar «mw». Assim: «lockdown mw».)

 

[Texto 7601]

Léxico: «pigmalião»

Assim não vamos lá

 

      «J’ai eu la chance de rencontrer mon pygmalion en la personne d’une, etc.» Como aconteceu com muitos outros nomes próprios, também Pigmalião se transformou, pela chamada derivação imprópria, em substantivo comum: pigmalião. Nos dicionários de língua francesa encontramo-lo, porque, naturalmente, reflectem esse uso na língua. Nos nossos, nada, nem pigmalião nem pigmalionismo. Parece uma conspiração para poderem afirmar, ainda com mais razão, que a língua inglesa tem incomparavelmente mais vocábulos. Pudera, se ignoramos os nossos!

 

[Texto 7600]

Léxico: «nanocápsula»

Não há nas farmácias

 

    «A descoberta é de cientistas da universidade espanhola de Salamanca e consiste num aerossol que se usa como um inalador normal, através do qual entram no corpo nanocápsulas inteligentes capazes de levar o medicamento directamente às células dos tumores» («Método promissor de combate ao cancro pode poupar horas de tratamento a doentes», Rádio Renascença, 22.03.2017, 13h14).

    Vejo-o em dicionários de outras línguas, pelo que, se for para os nossos, acho muito bem. São cápsulas nanométricas, ocas e de forma esférica, que servem de invólucro para pequeníssimas quantidades de produtos farmacêuticos, enzimas ou outros catalisadores.

 

[Texto 7599]

Léxico: «fluoranteno»

Coisa do dia-a-dia

 

    «Os níveis máximos aceitáveis de chumbo também foram ultrapassados uma vez na Albufeira do Fratel na análise de dezembro e outra na Albufeira de Belver em abril. Finalmente, os hidrocarbonetos fluoranteno e benzo(a)pireno, igualmente perigosos para a saúde pública, ficaram acima dos limites legais em janeiro de 2017» («Cádmio, chumbo e muito fósforo poluem Tejo», Nuno Guedes, TSF, 22.03.2017, 7h27).

     Não encontramos o termo fluoranteno nos nossos dicionários. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista benzopireno, o que me parece bastar; este «benzo(a)pireno» vejo-o escrito das mais desencontradas maneiras: «benzo-a-pireno», «benzo[a]pireno», etc. Suponho que será o mesmo que «α-benzopireno».

 

[Texto 7598]