Eu não avisei?
Tenho à minha frente o número 1 da revista O Meu Papa, que segue a grafia do Acordo Ortográfico de 1990. Na rubrica do almanaque, lê-se: «Bispo de Grenoble, França, é um beneditino que viveu entre os séculos XI e XII. Recorda-se também o seu sobrinho Santo Hugo abade de Bonneveaux, que em 1177 foi mediador entre Barbarossa e o Papa Alexandro III. Hugo significa “espírito, bom senso”. E é um nome germânico» («Santo Hugo de Grenoble», Enzo Caffarelli, p. 58).
Para Enzo Caffarelli, é efectivamente Barbarossa e Alexandro (ou quase: Alessandro), mas não para nós. E agora outra questão: será Santo Hugo ou São Hugo? As gramáticas que tratam da matéria prescrevem «santo» quando o nome que se segue começa por vogal e «são» se começar por consoante. Bem, não era preciso mais, dir-se-á, pois o h é consoante. E é, mas temos de convir que é uma consoante especial. Vamos lá citar alguém muito apreciado por aqui: «E alguns episódios bizarros: conta Jonathan Sumption, autor do artigo, que no século XII São Hugo, bispo de Lincoln, não se teria portado condignamente quando pernoitou na abadia francesa de Fécamp» (Vamos ao Que Interessa, João Pereira Coutinho. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2015). Há, no entanto, obras que referem explicitamente os nomes começados por h, para os quais prescrevem o uso de «santo».
[Texto 7650]