É esperar
«Simbolizado, entre os estudiosos das Ciências da Terra, pela sigla Ma, o milhão de anos é convencionalmente aceite como unidade de tempo. Nada menos do que dez mil séculos, onde cabe mil cento e quarenta vezes a História de Portugal, um milhão de anos é uma eternidade no horizonte temporal das nossas vidas, mas uma ínfima migalha no tempo da Terra, actualmente estimado em 4540 Ma» («O tamanho de um milhão», Galopim de Carvalho, De Rerum Natura, 29.03.2017). «Acelerador de investimento rende 22M€» (Raquel Madureira, Destak, 31.03.2017, p. 5). «Pensa-se que se localize atualmente a 500 UA do Sol. O UA é a unidade astronómica correspondente a 150 milhões de quilómetros (distância da Terra ao Sol)» («À procura do nono planeta», Maria Filomena Silva, Audácia, Maio de 2017, p. 17).
O que não está consagrado hoje pode vir a sê-lo no futuro. Sabe-se lá. Vejam o que encontram das três no Dicionário de Siglas e Abreviaturas da Porto Editora: apenas UA («Unidade Astronómica»). Esta é, aproximadamente, a distância média entre a Terra e o Sol, 149 597 870 700 m. O M para milhão começou, talvez, nos jornais gratuitos (falta de espaço?), mas não acabou aí. O Ma, usado em geociências, em que era necessária uma escala maior, disfarça muito bem, porque parece de «milhão de anos», mas é, na verdade, de mega age. O que é pena é os jornalistas, de maneira geral, escreverem com os pés, e fica tudo pegado, números e siglas/símbolos. E claro que os directores e editores não os podem ajudar — porque também são jornalistas.
[Texto 7653]