Ciências duras e ciências moles
A ciência boa
«Para perceber a evolução do país, temos de o comparar. Portugal produziu 1298 artigos por milhão de habitantes em 2015 (em 2005 eram 510). Neste indicador está contabilizado apenas um total de 13.464 publicações porque só são tidas em conta as chamadas “ciências duras” (excluindo-se as ciências sociais e humanidades) e apenas os artigos, revisões ou artigos curtos (deixando de fora opiniões, resumos e actas)» («Portugal sobe para 11.º lugar entre 27 países europeus na produção científica», Andrea Cunha Freitas, Público, 2.04.2017, p. 2).
Até pode ser controversa esta nova (mas a envelhecer) classificação das ciências, mas lá que se usa, usa. Até podem enfaixá-la em aspas, mas usam. As ciências naturais são as ciências duras, ao passo que as humanidades ou ciências sociais são ciências moles (ou leves). Jorge Calado, na obra Limites da Ciência, que eu revi para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, escreve que «todas as ciências aspiram à condição de matemática e é esta que mede a pureza e dureza das ditas. Conhecimento que não está matematizado, em que não é possível fazer previsões quantitativas, não é (ainda) ciência. As ciências duras são as mais matematizadas, e as moles endurecem com o tempo (como acontece ao pão)». Está, por isso, na hora de levar estas designações para os dicionários, porque garanto que os falantes os consultam na esperança de encontrarem este esclarecimento neles.
[Texto 7662]