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Linguagista

Apóstrofo/apóstrofe

Apóstrofo, senhores, apóstrofo

 

      «Um auto-intitulado “vigilante linguístico” percorre as ruas de Bristol, em Inglaterra, durante a noite para corrigir os letreiros das lojas. O erro gramatical mais frequente da cidade é a colocação de apóstrofes. […] Considerado o “Banksy da pontuação”, o primeiro letreiro que corrigiu foi num edifício estatal que tinha, desnecessariamente, duas apóstrofes colocadas. O método de correcção é a colocação de adesivos por cima dos erros. […] Durante o dia, o zelador da língua de William Shakespeare trabalha como engenheiro e dedica-se à família» («Há um vigilante da gramática à solta nas ruas», Rádio Renascença, 5.04.2017, 20h21).

    Está certo: apóstrofe é do género feminino. Está errado: o sinal gráfico chama-se apóstrofo. Há séculos, desde sempre, não é assim desde 1990. Como é que o Banksy da pontuação ia resolver isto? Com autocolantes em milhares de ecrãs de computadores não dava. Claro que sabemos: em inglês, apostrophe designa tanto o sinal gráfico como o recurso estilístico. 

[Texto 7679]

Léxico: «porta-beatas»

Enquanto houver cigarros

 

      «Freguesia [de Arroios] irá distribuir cinzeiros e porta-beatas nos espaços públicos para sensibilizar para as questões ambientais» («Arroios acaba com beatas», Patrícia Susano Ferreira, Destak, 24.11.2016, p. 4).

      Já os há em todo o lado e de todos os feitios, pelo que chegou a hora de o vocábulo ir para os dicionários. Já basta termos objectos e realidades que não têm nome, ou pelo menos cujo nome ignoramos, e outros para os quais se impôs designação estrangeira. Precedentes não faltam: embalão, livrão, oleão, pilhão, papelão, plasticão, rolhão, vidrão...

 

[Texto 7678]

Léxico: «pirotecnia»

Sempre à frente

 

      «O acidente na pirotecnia de Avões deu-se na terça-feira, pouco antes das 18h00. Uma sucessão de explosões destruiu por completo o complexo onde se encontravam oito pessoas» («Marcelo impressionado em Avões. “Uma coisa é estudar estas coisas, outra é ver”», Filipe d’Avillez, Rádio Renascença, 5.04.2017, 13h55).

      Provavelmente sempre se disse assim, acho muito natural, mas no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora pirotecnia é ou «1. arte de se empregar o fogo» ou «2. fabrico de fogo-de-artifício». A realidade, porém, vai sempre à frente dos dicionários, e dita que é também o local onde se desenvolve aquela actividade.

 

[Texto 7677]

Léxico: «suplementação»

Existe, é nossa

 

   «Considerando a elevada prevalência de deficiência (39.6%) e de inadequação (29.4%) de vitamina D registada, os investigadores indicam que uma suplementação desta vitamina “é fundamental para repor os níveis adequados, mantendo, em simultâneo, uma alimentação globalmente equilibrada”» («Estudo: 85% dos idosos consomem sal a mais e têm peso a mais», Rádio Renascença, 5.04.2017, 9h58).

      Termo que não encontramos no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Aos jornalistas da RR, só um recado: é a vírgula, e não o ponto, que usamos para separar a parte inteira da parte decimal, e há um espaço a separar o número do símbolo de percentagem. Logo, 39,6 % e 29,4 %.

 

[Texto 7676]

Léxico: «briquete»

Blocos densos e compactos

 

    «As notas são desfeitas em fragmentos minúsculos que são depois compactados em briquetes – rolos prensados – e vendidos a uma empresa que os usa como fonte de energia» («Fábrica de dinheiro destrói 525 mil notas por dia», Raquel Oliveira, Público, 5.04.2017, p. 24).

      Estou a ver o que é, então não estou. Alguns supermercados agora já vendem sacos com lenha de sobro, mas antes eram briquetes que tinham à venda. Não são bolas, mas blocos densos e compactos. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «1. bola de pó de carvão amassado com pez, que serve de combustível; 2. Aglomerado».

 

[Texto 7675]