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Linguagista

Léxico: «crismal»

E não só

 

     «Patriarca de Lisboa alertou, esta quinta-feira, na Missa Crismal, para os riscos da manipulação, tanto na comunicação social como na própria natureza humana» («Corpo não é “uma coisa” nem é manipulável “a bel-prazer ou por capricho”», Rádio Renascença, 13.04.2017, 12h09).

     Crismal, adjectivo relativo a crisma, mas, para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, é apenas o «pano de linho usado no crisma». Diga-se, dado o ensejo, que é na missa crismal, concelebrada pelo bispo e pelos presbíteros das várias regiões da diocese, que se consagra o santo crisma e benzem os outros óleos.

 

[Texto 7711]

Léxico: «hidroelectrólise/hidroelectrolítico»

A bem da ciência

 

      «Nestes casos [de hiponatremia associada ao exercício], o excesso de hidratação provoca um distúrbio hidroeletrolítico e um aumento da pressão intracraniana, dores de cabeça, náuseas, vómitos, confusão mental e, sem situações mais extremas, pode causar convulsões, coma e morte» («Hidratação a mais? Conheça o sinal de que é altura de parar de beber água», Visão, 12.04.2017, 21h00).

      Não vamos encontrar no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora nem hidroelectrólise nem hidroelectrolítico, que outros dicionários registam. O VOLP da Academia Brasileira de Letras, por exemplo, acolhe as variantes hidreletrólise e hidreletrolítico.

 

[Texto 7710]

Léxico: «Tríduo Pascal»

Recomendável

 

      Podia dizer-se mais sobre a cerimónia do lava-pés, sem dúvida, mas seria talvez demasiado para um dicionário. Podia referir-se que teve origem nos mosteiros beneditinos, por altura da tomada do hábito, e que depois passou para a liturgia do Tríduo Pascal. Curiosamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista a locução Tríduo Pascal, o mais conhecido período triduano. Se a registarem, o que me parece completamente justificado, muita atenção, porque há por aí grandes confusões. O Tríduo Pascal tem início na Quinta-Feira Santa, com a ceia do Senhor, e termina com a Vigília Pascal, que é na tarde/noite do Sábado Santo — depois de escurecer —, que, na liturgia, já se considera domingo.

 

[Texto 7709]

Léxico: «lava-pés»

Mais por menos

 

      «O Papa vai presidir esta Quinta-Feira Santa à celebração de lava-pés com alguns presos na Casa de Reclusão de Paliano, na província de Frosinone e Diocese de Palestrina, a sul de Roma» («Quinta-Feira Santa. Papa preside a lava-pés num centro de detenção», Rádio Renascença, 13.04.2017, 10h05).

      Sobre o rito do lava-pés, lê-se no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «cerimónia que se realiza na quinta-feira da Semana Santa para comemorar os ensinamentos de Cristo ao lavar os pés aos apóstolos por ocasião da Última Ceia». Creio que se pode dizer mais e talvez melhor. Para começar, em vez de «quinta-feira da Semana Santa», «Quinta-Feira Santa», que é, afinal, como sempre dizemos. E dizer mais acrescentando que é a lavagem simbólica dos pés de doze pessoas. Até ao ano passado, era a doze homens (como homens eram os doze apóstolos), mas em Março de 2016 a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou um decreto com a mudança decidida pelo Papa Francisco, que veio alterar o decreto Maxima Redemptionis Nostrae Mysteria, de 1955, quando houve uma reforma da Semana Santa. Entretanto, é preciso actualizar esta informação, o que, espantosamente, não foi feito nem sequer em publicações em linha.

 

[Texto 7708]