Se são sinónimos...
«O estudo foi feito com duas espécies de alforrecas – animal aquático de corpo mole e gelatinoso, com tentáculos que, após o contacto, podem injetar uma espécie de espinho – muito perigosas que habitam na costa do Havai e da Austrália. […] Pelo contrário, a aplicação de água do mar “não gera a descarga das células urticantes, por isso este é o remédio recomendado para a picada das alforrecas [nas costas espanholas]”, acrescentaram» («Em Portugal basta água salgada para tratar as picadas das alforrecas», Lusa/TSF, 19.04.2017, 21h49).
Alforreca, medusa e água-viva não são sinónimos? Pois pelo Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não se chega a perceber completamente. A definição mais pobre, mas talvez suficiente se houver remissões dos outros verbetes, é a de medusa: «forma de celenterado adaptada à vida errante, com aspecto de campânula, disco ou sino; alforreca». Cá está, remete para alforreca: «designação comum aos celenterados marinhos cifozoários, de corpo em forma de campânula, mole, gelatinoso e transparente, e órgãos urticantes capazes de provocar ardência e queimaduras quando em contacto com a pele humana». Este não remete para nenhum sinónimo, mas sabemos que há, pelo menos, outro, água-viva: «designação comum aos celenterados marinhos cifozoários, de corpo em forma de campânula, mole, gelatinoso e transparente, e órgãos urticantes capazes de provocar ardência e queimaduras quando em contacto com a pele humana; alforreca». Para ser útil, cada verbete tem de remeter para os outros dois sinónimos. Como seria igualmente útil saber-se que as células urticantes têm a designação de cnidócitos ou cnidoblastos (cujo prolongamento em ponta se chama cnidocílio, o sensor), capazes de ejectar uma pequena cápsula arredondada, um organelo intracelular, o nematocisto, que contém um filamento espiralado, uma espécie de espinho. Ora, se cnidócito e cnidoblasto estão no dicionário (mas a definição difere), nematocisto não o encontramos lá.
[Texto 7737]