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Linguagista

Léxico: «canelite»

Basta estar atento

 

      Hoje, ouvi pela primeira vez, na Antena 1, uma palavra: canelite. Nada, nunca antes. Até pode ser o nome que se dá popularmente à periostite tibial (shin splint, para a legião de anglófonos que nos segue), mas vejo agora que aparece por todo o lado. Era a propósito dos peregrinos a caminho de Fátima. A canelite é a dor e o edema na perna que pioram com a actividade física e melhoram com o descanso. Já que estamos aqui, fiquei com dúvidas sobre a correcção da definição de tibialgia no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Mas deixo isso para os médicos que acompanham o Linguagista.

 

 [Texto 7756]

Léxico: «heterotrofismo» e «quimiotrofismo»

Mais trabalho

 

      «Agora, Daniel Distel encontrou um exemplo desse processo — o Kuphus polythalamia. “A madeira serviu como uma alpondra evolutiva para uma transição drástica do heterotrofismo [sem capacidade de produzir o seu próprio alimento] para o quimiotrofismo”, refere o artigo. “Esta é a parte-chave do artigo”, sublinha por sua vez a investigadora portuguesa [Luísa Borges]» («Foi encontrado um alien vivo? Calma, é só um bivalve gigante», Teresa Serafim, Público, 27.04.2017, p. 25).

    No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, nem heterotrofismo nem quimiotrofismo. E, contudo, o Dicionário de Termos Médicos acolhe um sinónimo do primeiro, heterotrofia, e no Dicionário de Espanhol-Português encontramos heterotrofismo. Muitas pontas soltas.

 

[Texto 7755]

Léxico: «quimiossintético»

Faz falta o par

 

     «Na elaboração das refeições, [o Kuphus polythalamia] usa o sulfureto de hidrogénio como energia para produzir o carbono com que se alimenta — é assim um animal quimiossintético (em que a sua fonte de energia são compostos químicos). Este processo é diferente do que as plantas usam para converter a energia do Sol em carbono, durante a fotossíntese» («Foi encontrado um alien vivo? Calma, é só um bivalve gigante», Teresa Serafim, Público, 27.04.2017, p. 25).

    É primo do Teredo navalis – e, a propósito da tradução de shipworm, falámos aqui do teredo ou teredem. Que temos aqui? O habitual: o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que regista quimiossíntese, esqueceu-se do adjectivo quimiossintético.

 

[Texto 7754]

«Tarrafalista», de novo

Última vez?

 

      «A sede da autarquia da capital acolhe desde terça-feira o Centro Cívico Edmundo Pedro, onde se vão instalar coletividades e organizações da sociedade civil, que terão ao seu dispor áreas de trabalho, uma sala multiusos, uma copa e o auditório da Câmara de Lisboa. A inauguração decorreu no dia 25 de abril numa homenagem a Edmundo Pedro, resistente antifascista e o único dos ‘Tarrafalistas’ ainda vivo» («Novo Centro Cívico Edmundo Pedro em Lisboa», Destak, 27.04.2017, p. 2).

      Já aqui tinha tratado deste caso anómalo do vocábulo «tarrafalista». O que há de novo, para justificar trazê-lo aqui de novo, é precisamente a forma como o jornalista o grafou, com maiúscula. Com aspas já o tínhamos visto. Enfim, pode sempre fazer-se pior.

 

[Texto 7753]