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Linguagista

Léxico: «pinça/maxila»

Destravados

 

      «Por outro lado, o seu único proprietário até à data, pese embora não lhe tenha tocado durante praticamente um quarto de século, não deixou de para o mesmo eleger uma configuração bastante curiosa. Veja-se a invulgar pintura em cinzento metalizado polar, as jantes roxas e as pinças de travão douradas» («Sonhar custa (muito). Porsche 911 RSR de 1993 em leilão», António Sousa Pereira, Observador, 28.04.2017, 12h09).

      Agora são as vermelhas que estão na moda. Até compram tinta (de má qualidade) para as pintarem... No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, nos verbetes pinça e maxila não há nenhuma acepção relativa a travões. Isto quando a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, da década de 50, as registava...

 

[Texto 7760]

Léxico: «geniquento»

E esta?

 

      «O moço da camisola cinzenta dá um pulo na soleira da porta, um pulo tão geniquento que até afugenta as pombas» (Os Novos Putos, Altino do Tojal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1982, p. 64).

      Tem de se abonar com Altino do Tojal, pois claro, porque com um artigo jornalístico não é suficiente: «Chega em maio o novo Suzuki Swift e com ele regressa dos mais populares modelos da marca em Portugal. É inconfundível mas mudou bastante. Mais espaçoso e com mala bem maior, tem dois motores a gasolina, um geniquento 1.0 três cilindros turbo (111 cv) e o mais económico 1.2 Dualjet (68 cv), ambos também em versão semi-híbrida. Nem falta um quatro rodas motrizes» («Suzuki Swift: Mais espaço e outra imagem», Silva Pires, Motor 24, 28.04.2017).

 

[Texto 7759]

Léxico: «cavalinho»

Só na estrada

 

      «Eu acelero pela estrada vazia, deito-me ligeiro em cada curva, tento fazer cavalinhos, mas a moto é demasiado pesada, ou sou eu que tenho pouca habilidade» (Contracorpo, Patrícia Reis. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2012, p. 108).

     Ainda ontem vi um habilidoso, num semáforo, a fazer cavalinhos numa Ducati. Só nos dicionários é que não vemos cavalinhos.

 

[Texto 7758]

Léxico: «adivinhatório»

Adivinhem...

 

      «Artur Mafumo era curandeiro. Mas em Dezembro de 1955 foi preso e os seus objectos de culto e adivinhação, como ossículos adivinhatórios, foram apreendidos e trazidos para Portugal por Joaquim Santos Júnior, chefe da 6.ª campanha da Missão Antropológica de Moçambique (uma expedição científica). Agora, os seus objectos estão na exposição Plantas e Povos no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (Muhnac), em Lisboa» («Como o banco de um curandeiro moçambicano diz muito sobre a forma de fazer ciência», Teresa Serafim, Público, 28.04.2017, p. 27).

      Suponho que também pudesse ser, mas, na verdade, o que se diz sempre é ossículos divinatórios. Um toque mais refinado. Não deixo, no entanto, de estranhar que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não registe adivinhatório.

 

[Texto 7757]