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Linguagista

Léxico: «senense»

E os de Siena?

 

      «Copadroeira da Europa e da Itália, desde 1939, [Santa Catarina de Siena] nasceu na família senense Benincasa (1347-1380), foi terceira dominicana e na sua casa acolheu clérigos e leigos, fundando o primeiro núcleo dos “Caterinati”» («Vida e obras dos santos que se celebram esta semana», Enzo Caffarelli, O Meu Papa, ed. n.º 5, 28.04.2017, p. 58).

      Para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, senense é somente o «natural ou habitante de Seia». Tudo fosse tão fácil de corrigir como isto.

 

[Texto 7766]

Léxico: «Encarnados»

Sempre esquecidos

 

      «Fraca exibição dos encarnados salva por dois golos de Jonas. Estoril fez tudo para trazer pontos da Luz» («Jonas salva encarnados de aperto na Luz», Carlos Calaveiras, Rádio Renascença, 29.04.2017, 17h10).

      Vamos supor que eu era selenita e, aluado ou enfastiado, decidia vir à Terra e ouvia ou lia isto. Se consultasse o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora para saber o que significa «encarnado» neste contexto, ficaria com uma ideia errada. Este dicionário não regista esta acepção, nem, aliás, nenhuma relativa aos clubes de futebol: Verdes, Azuis-e-Brancos, Axadrezados, Leões, Dragões, etc. Um avanço deve já, entretanto, assinalar-se: os jornalistas (alguns?) compreenderam finalmente que estas palavras não precisam de estar envoltas em aspas assépticas. Aleluia!

 

[Texto 7765]

Do h aspirado

Sempre nos compreenderemos

 

      «O Óquei de Barcelos está na final da Taça CERS em hóquei em patins, depois de vencer os italianos do Sarzana por 3-1, na meia-final, em Viareggio, Itália» («Hóquei em patins. Óquei de Barcelos na final da Taça CERS», Rádio Renascença, 30.04.2017, 00h05).

      Curioso, este caso, o clube Óquei de Barcelos, que pratica, não óquei, mas hóquei. Temos outros casos, é verdade, mas não dentro do mesmo país: nós escrevemos andebol e, no Brasil, escrevem handebol, por exemplo. E, contudo, quem prefere «hóquei» também devia preferir «handebol», ou não? Mas não se procure lógica na língua. Mais estranho, para nós, é que no Brasil, ao que parece de forma maioritária, se aspire o h medial e até o h inicial em muitos vocábulos. No VOLP da Academia Brasileira de Letras, isso até já está assinalado com a indicação «(barra)». Pesquisem, por exemplo, as palavras «bahamiano» e «bahaísmo». E não devia, ocorre-me agora, «saheliano» ter a mesma indicação? Não tem. E não regista «jihadista», por exemplo. Não somos donos da língua, eles que divirjam à vontade. Continuemos nós a escrever jiadista, jiadismo, baamiano, etc.

 

[Texto 7764]