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Linguagista

Tradução: «book of gold-leaf»

Aceito outra melhor

 

      É o que está no original, «a book of gold-leaf». No caso, servia para entalhes na popa dos barcos. A opção do tradutor foi outra, a minha é «livro de folhas de ouro». Lembrei-me dos livros de mortalhas (que, em inglês, será antes pack/packet of cigarette paper), porque são coisas semelhantes.

 

[Texto 8198]

«Passista», «passismo»

Pronto, já passou

 

      Isto é como nos elogios fúnebres: ah, que boa pessoa era, um cidadão exemplaríssimo, bom pai, excelente marido, etc. Agora que Pedro Passos Coelho ⚠ se vê forçado a ter de se retirar definitivamente para Massamá (terra, sabe-se agora, não apenas de africanistas, mas também de jiadistas), passei a ouvir diariamente os termos «passista» e «passismo». Passou.

 

[Texto 8197]

A futebolização da realidade

Preferimos hectares

 

      Na TSF não gostam de abstracções. As crianças também são assim, mas nestas é uma fase. Ontem, disseram que a área ardida este ano em Portugal equivale a 215 mil campos de futebol. Estão a ver: dizer que era 250 mil hectares não é compreensível por toda a gente. Mas para os milhões, como eu (e vivo junto de dois dos maiores), que nunca puseram os pés num estádio de futebol, essa também não deixa de ser uma abstracção, e um pouco estranha.

 

[Texto 8196]

Erros há muitos

Mata-bichar

 

      Já aqui tenho corrigido erros crassíssimos do Mata-Bicho, com Bruno Nogueira, na Antena 1, erros de português, mas na edição de ontem («Cavaco não vota, a Catalunha, sim») encontrei erros factuais, de alguma maneira ainda mais indesculpáveis. Por exemplo? «O Aníbal não sabe que se pode votar antes do dia das eleições.» A lei estabelece isso, de facto, mas exige um documento assinado pelo superior hierárquico, pela entidade patronal ou outro que comprove suficientemente a existência do impedimento. Aplicar-se-á? É que Cavaco foi a um casamento na Escócia. E se, por exemplo, um eleitor for com a amante passar o fim-de-semana numa casa de turismo rural, quem passa o comprovativo — a amante ou o dono do estabelecimento? Mais: «O Aníbal, que se gabou de ter feito 600 quilómetros de carro e motorista pago por nós para ir de Albufeira à Universidade de Verão do PS, demonstra desdém pelas eleições.» Do PSD, João Quadros. Para terminar, a forma como Bruno Nogueira pronuncia o nome Rajoy é de morrer a rir. João Quadros tem dois caminhos: ou passa a estar mais atento, ou contrata os serviços de um revisor.

 

[Texto 8195]

Léxico: «escravagista»

A terceira via

 

      «Padre António Vieira, um “escravagista selectivo”?» Carlos Maria Bobone, Observador, 6.10.2017).

    Como sabemos, é pior do que «escravista», mas melhor do que «esclavagista». Já não é mau. Esta terceira via não é a do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que, se não regista escravagista, o que o faz ombrear com o melhor dos dicionários prescritivos, não deixa de acolher esclavagista. Por isso, no sobe e desce, ⤥⤥⤥.

 

[Texto 8194]

Léxico: «relé»

Estão a brincar

 

       Ontem estive a instalar um módulo Sonoff sem fios para ligar e desligar um candeeiro numa aplicação no telemóvel. Correu bem, e os módulos (também os há RF e GSM) são baratíssimos. É a minha entrada na domótica e na Internet das Coisas. Bem, estes módulos em alguns sítios são anunciados como relés, o que, tanto quanto sei, está correcto. Ora vejam — mas prometam-me que não se riem — a definição de relé no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «instrumento eléctrico que serve para mostrar como um fenómeno eléctrico pode controlar a interrupção ou o começo de outro fenómeno eléctrico independente».

 

[Texto 8193]