Linguagista

Observem bem

      Hoje, logo de manhã, li que o produtor Harvey Weinstein, acusado de assédio e chantagem sexual, fora despedido da sua própria empresa. Realmente, Hollywood é muito peculiar. Tal como a imprensa portuguesa: «E se há quem assuma que sempre houve rumores quanto ao comportamento do produtor, outras (e outros) garantem que não fazia [sic] ideia do que se passava. É o caso de Meryl Streep, vencedora de três Óscares, apelidou as mulheres que falaram contra Weinstein de “heróis”» («Escândalo sexual em Hollywood. Atrizes unem-se contra Harvey Weinstein», Rita Porto, Observador, 10.10.2017, 16h19).

      Claro que sim, Rita Porto, e se Meryl Streep falasse de homens de certeza que lhes chamaria heroínas. Concorde.

[Texto 8209]

Episódios domésticos

      A criancinha trouxe um papel da escola para o encarregado de educação autorizar uma visita de estudo ao Museu de Metrologia. «Não vais», diz a mãe, autoritária. «Ainda por cima nem sequer sabem escrever “meteorologia”.»

[Texto 8208]

Outra casa

      «Ouvido pela Antena 1, Acácio Pereira, do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF, diz que este novo director, que substitui Luísa Maia Gonçalves, que se demitiu na semana passada, este novo director é alguém que conhece bem a casa» (noticiário das 15h00, Antena 1, 9.10.2017).

      Ouve-se com frequência a palavra neste sentido — e tanto se pode aplicar a uma empresa, um ministério, uma câmara municipal — que ainda não foi acolhido nos dicionários. Pelo menos no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não está.

[Texto 8207]

Sabem, pois

   «Next moment...» O tradutor não hesita um segundo: «Ato contíguo...» Talvez possamos disparatar em inglês, não? O momento exige-o: Oh, fuck, fuck, fuck! Já está. De outiva, corre mal. Rapaz, é «acto contínuo».

[Texto 8206]